E NÃO ME PERGUNTE O PORQUÊ DA INCOERÊNCIA (BVIW)
 
A propósito, do lado oculto do ser me faz lembrar o grego Eurípedes, que deixou dito:   as pessoas  têm duas línguas, uma para dizer o que pensam e a outra para falar conforme as circunstâncias: quando querem têm talento para fazer o preto parecer branco e o branco como preto, soprando com a mesma boca o calor e o frio e exprimindo com palavras exatamente o contrário do que sentem no peito.
 Costumo usar desse expediente, exprimo com palavras exatamente o contrário do que sinto no peito. Só não me pergunte o porquê da incoerência, quais as circunstâncias que me levam a agir dessa forma , por que a desarmonia entre o meu sentir e o meu falar, por que tento agarrar-me a palavras vazias numa tentativa de negar o que não consigo arrancar  -o que me vai por dentro. Contudo, confesso, bem que gostaria de saber como se põe alegria nas palavras, como extravasar um momento pleno de felicidade, de amor sentido.  Ora direis, coisa de poeta, caríssima. E eu indago: existe poeta alegre?
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 18/07/2018
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