QUESTIONAMENTOS E REFLEXÕES

Como construir sonhos perdidos? Como confortar quem estar perdendo? Como ter fé em meio ao desespero? Como juntar as pedras do caminho e construir os degraus da nossa edificação? Como segurar o choro quando o coração está despedaçado? Como ser forte em meio ao caos e a desordem? São muitas perguntas, nenhuma resposta. E não saber as respostas talvez seja o que mais apavora. Existe em nós, uma necessidade implícita de saber como, quando e por que determinadas coisas acontecem. Quando nos retiram as certezas e nos põe em contato direto com o mistério e com o desconhecido ficamos apavorados.

Mas há uma enorme beleza no mistério. Ele nos ensina valiosas lições. O mistério nos faz humildes, uma vez que retira de nossas mãos o sentimento de poder, grandeza e domínio sobre as coisas. Navegar pelos mares da incerteza nos alerta para a certeza que há um Ser superior que rege acima de nós. O sentimento de impotência frente alguns acontecimentos expõe nossas fragilidades e nossos medos mais profundos. Então, faz-nos recordar a célebre frase bíblica: “Tu és pó e ao pó voltarás.” Verdade que nos aponta para nossa insignificância e pequenez. Quebra nossa soberba ou vaidade.

Entretanto, o maior ensinamento que o mistério nos proporciona é a oportunidade de crer sem ver; confiar sem temer e ter a certeza que enquanto realizamos o possível, o impossível e o improvável podem está acontecendo. Quem disse que as leis da Física e da Química não podem ser quebradas? Quem disse que as porcentagens e probabilidades matemáticas chegam sempre ao resultado esperado? Quem disse que as palavras traduzem as lágrimas que escorrem pelo rosto? Aliás, quem disse que não chorar é sinônimo de fortaleza? Chorar talvez seja a realidade mais humana que exista. E realizar tal ato, seja em um momento de extrema alegria, seja num momento de dor dilacerante, só revela o quanto nós somos humanos. Revela que temos amigos / familiares com quem nos importamos e momentos que vivemos em que a alegria ou a dor transbordaram pelos olhos.

Uma coisa é certa: é preferível a pergunta desafiadora as respostas prontas e vazias. Respostas que tornam simples, os problemas que são difíceis de serem digeridos na vida real. A dor é real; o choro é verdadeiro e a revolta às vezes é justa. Revolta, por vezes, passageira, mas que faz parte do processo de aceitação das coisas que não podem ser mudadas. Deus compreende também nossas revoltas. O silêncio, nesse momento, nos ajuda a acalmar o coração e pôr as coisas no lugar.

O tempo passa e as coisas tendem a mudar. O chora cessa e as cicatrizes viram aprendizado. As cicatrizes sempre ficam, no corpo, na alma ou nos dois. Elas transformam a nossa pele e o nosso espírito; ajudam a contar um pouco da nossa história. As rugas ou as intervenções cirúrgicas mostram as batalham que travamos e os gigantes que vencemos. Basta olhar com calma para enxergarmos, em nosso meio, inúmeros Davis que diariamente vencem seus Golias. As batalhas continuam a cada nosso amanhecer, mudam somente os protagonistas. Não nos esqueçamos disso. É verdade que há batalhas que ganhamos outras que perdemos, mas o importante mesmo é não deixar de batalhar e, principalmente, de acreditar na vitória.

Anizeuton Leite
Enviado por Anizeuton Leite em 19/07/2018
Reeditado em 19/07/2018
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