Tudo como dantes, no Quartel d'Abrantes

Para o legislativo, o eleitor terá que escolher os candidatos de seu Estado. O que estão fazendo para desviar a atenção do eleitor é uma enxurrada de "Fake News" nas redes sociais, achincalhamentos, memes, ameaças, etc... porém de candidatos de outros Estados que não são, portanto, da sua região eleitoral. Não adianta, por exemplo, o eleitor do Estado de São Paulo manifestar sua indignidade sobre a idoneidade de determinados candidatos do Rio de Janeiro, de Minas, do Paraná, etc... Você precisa antes gastar mais tempo em acompanhar os passos do candidato do seu Estado, depois o dos outros.

Quem são os candidatos do seu Estado?

Já escolheu em quem você vai votar para Deputado Estadual? E Deputado Federal? E para Senador da República?

Propositalmente sua atenção é desviada para aqueles candidatos, os quais não caberá a você decidir pela permanência como seu representante. Certo é que os que serão eleitos na esfera Federal, influenciarão a vida dos cidadãos de forma geral, assim, melhor seria que suas indignações fossem mostradas aos eleitores do Estado, ao qual o candidato ruim representa.

Você poderá xingar à vontade, por exemplo, o Renan Calheiros aqui em São Paulo, porém, quem poderá lhe tirar da representação no Senado Federal será o eleitor do Estado de Alagoas, assim, seria bom dirigir suas manifestações ao eleitor de Alagoas e explicar do porque o povo de Alagoas não deveria reeleger o Renan para nenhum cargo e deixá-lo por conta da Justiça, sem o tal foro privilegiado.

Só assim você contribuirá mais para a mudança desejada. Seria de bom alvitre que o eleitor indignado com determinado representante, procurassem eleitores daqueles Estados, os quais os elegem e reelegem infinitamente, e manifestasse sua indignação e buscasse convencê-los a ajudar nessa mudança.

No mais, tudo permanecerá como dantes no quartel de Abrantes...

Essa frase surgiu no início do século 19, com a invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica. Portugal foi tomado pelas forças francesas, porque havia demorado a obedecer ao Bloqueio Continental, imposto por Napoleão, que obrigava o fechamento dos portos a qualquer navio inglês. Em 1807, uma das primeiras cidades a serem invadidas pelo general Jean Androche Junot, braço-direito de Napoleão, foi Abrantes, a 152 quilômetros de Lisboa, na margem do rio Tejo. Lá instalou seu quartel-general e, meses depois, se fez nomear duque d’Abrantes.

O general encontrou o país praticamente sem governo, já que o príncipe-regente dom João VI e toda a corte portuguesa haviam fugido para o Brasil. Durante a invasão, ninguém em Portugal ousou se opor ao duque. A tranquilidade com que ele se mantinha no poder provocou o dito irônico. A quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma:

“Está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. Até hoje se usa a frase para indicar que nada mudou.

Fico a imaginar se esta não seria também a frase a ser pronunciada algum tempinho após as eleições, numa antevisão do sentimento da população ao ver que em nada estará mudado a questão de representação no país.

Ora, se os candidatos dos partidos já se inscreveram há alguns meses atrás nos seus colégios eleitorais através de seus respectivos partidos políticos, não terão coisas muito diferentes no "menú" para ser escolhido.

Também propositalmente não deixam o eleitor indignado participar no seu partido. Já está cheio de gente que não sabe fazer outra coisa. Dificilmente um cidadão de bem, de boa índole, terá espaço lá no próprio partido escolhido (e nem vou falar aqui de filosofias políticas porque isso não existe no Brasil).

Os candidatos já se inscreveram e serão agora apresentados, enquanto que você está preocupado em escolher também o seu Presidente da República.

Mas, não fique triste não, a mudança é lenta, e essa herança de nossos péssimos representantes vem de muito longe no tempo, é muito antiga. Sempre encontramos alguma dessas referências na história.

À propósito disso, descreve o historiador Edison Carneiro, que no dia 1º de fevereiro de 1549, parte de Lisboa para o Brasil, o primeiro Governador-Geral Tomé de Sousa, trazendo mais de mil pessoas, entre soldados, degredados e funcionários. Dentre eles Pero Borges, que seria o Ouvidor-geral, uma espécie de Ministro da Justiça. Este já tinha fama em Portugal, pois havia sido supervisor da construção de um aqueduto em Elva, quando costumava receber visitas que lhe levavam dinheiro. O povo desconfia quando o dinheiro público acaba e a obra não está concluída.

Um inquérito apura que Borges embolsou boa parte da verba.

Em 1547, é condenado a pagar pelos desvios e é suspenso dos cargos públicos por três anos.

Nem dois anos depois chega aqui recebendo do rei, salário adiantado.

Durante o segundo Governo-geral é nomeado Provedor-mor da Fazenda, o equivalente a Ministro da Economia. Na minha modesta opinião, buscando um dito popular, foi como se nomeassem a raposa para tomar conta do galinheiro.

Pasmem, até ele se espanta com os costumes da burocracia brasileira e assim se expressa: “Uma pública ladroice e grande malícia!!”

.

A mudança que você quer, será uma mudança cultural, a ser conquistada em cada um dos cantinhos perdidos dessa terra abençoada, quando lá, o eleitor, mesmo necessitado saiba ter visão holística e mais macro de que o seu voto é muito importante para a nação como um todo, e portanto, jamais poderá ser induzido pelos oportunistas de plantão, pelos mesmos de sempre, a acenar-lhes com falsas promessas, que jamais serão cumpridas.

Boa sorte na SUA escolha, meu caro ELEITOR!

Marco Antonio Pereira

19/07/2018

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 19/07/2018
Reeditado em 19/07/2018
Código do texto: T6394105
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.