O PEDRO DA FARMÁCIA PINHEIRINHO... 8h30min.

Em nossa vivência de cinco décadas no setor do comércio, é evidente que temos muitas “histórias”, que poderiam até dar um livro, mas este “projeto” nem pensamos, pois a quem interessaria?!...

Este nosso personagem de hoje já está com 84 anos, lúcido, prestativo e continua trabalhando.

Para falar dele é preciso recuar no tempo, não é “daqui”, é catarinense de nascimento, jovem ainda, - morava em Joinville - cidade a 150 km de Curitiba – quando teve a idéia de vir para cá, era a pacata Curitiba, dos anos 50, porém, maior que a cidade que estava, e deste modo ir à busca de uma oportunidade que melhorasse sua condição de vida...

Jovem ainda, mas já tinha certa prática no atendimento no ramo farmacêutico, foi prontamente aceito numa tradicional estabelecimento no barro do Portão, ali ficou alguns anos, - com carteira assinada – neste meio tempo um irmão mais velho, também veio, com recursos financeiros, comprando uma farmácia, não muito longe de onde trabalhava, ali permaneceu 10 anos, quando o irmão resolveu vendê-la, - pasme! Por um “descuido” o seu irmão não o registrou – achando que perdera o emprego se afastou...

Alguns dias depois o novo proprietário o procurou, rogando pela sua volta, pois a quase totalidade dos clientes “exigiam” que fossem atendidos pelo Pedro... Voltou e agora com a carteira devidamente assinada...

Assim ficou durante mais alguns anos, quando em 1967, decidiu ter o seu próprio negócio, e a oportunidade apareceu, uma farmácia com nome de Santa, - Nossa Senhora do Rocio - entretanto esta farmácia estava em situação precária, isto é, com pouco estoque, estava difícil dar andamento em tal situação, razão pela qual o proprietário, fez o acerto com ele, que fosse quitando aos poucos o preço acertado...

Na época o seu bem mais precioso, era um automóvel, quando teve a idéia, de trocá-los por mercadoria, “escolhida a dedo”, procurando uma farmácia de grande porte, acertaram a troca; com isto seu novo estabelecimento ficou estocado, dando a ele as condições de trabalho, ao mesmo tempo mudou o nome para Farmácia Pinheirinho, pelo seu trabalho honesto de muitos anos, sua “fama” aumentou pessoa honesta, prestativa, pelos sintomas da pessoa, fazia o diagnóstico correto, indicava a medicação certa, as pessoas tinham a saúde restabelecida, e, além disto, sempre havia as palavras amigas, com alto teor de espiritualidade...

Com tempo, o seu eficiente atendimento, foi muito além do bairro do Pinheirinho, pessoas de outros bairros vinham a sua procura, e até de estados vizinhos; assim se passaram dez anos, o sonho da casa própria já tinha sido realizado, e mais, um pequeno apartamento na praia...

O pequeno empresário, sempre luta para que um dia sua empresa consiga uma sede própria, e isto ele conseguiu, em 1977, ao comprar duas salas, nas proximidades de aonde tinha sua farmácia, mudou-se e os negócios prosperavam, não trabalhava sozinho, varias pessoas compartilhavam de sua atividade, alma generosa dava a eles um salário justo, que supriam com folga suas necessidades, muitos através de seu aprendizado, conseguiram até ter o seu próprio estabelecimento...

E assim foi até 1991, alma não acomodada quis mudar radicalmente sua atividade, passou seu estabelecimento a um empregado, que acertasse como pudesse; indo a São Paulo, fez diversos cursos de Quiropraxia, - tratamento da coluna – a sala que era seu escritório passou a ser seu lugar de trabalho, fez umas modificações, uma acolhedora sala de espera, com banheiro, e uma divisória do local de seu atendimento; ali está atendendo há 27 anos compartilham desta atividade com um antigo funcionário, que também se especializou nesta área, - Antonio – ambos atende durante a semana em dias alternados...

Em 29 de outubro há um fato que o deixou extremamente feliz, recebeu título de Cidadão Honorário de Curitiba, pelos seus trabalhos prestados a comunidade curitibana...

Embora tendo carro, prefere usar em sua locomoção o transporte público, a sua esposa prepara sua refeição do almoço e lanche para parte da tarde...

O que acabamos de descrever, é cotidiano, de pessoas anônimas, que tocam suas vidas, sem queixas e lamentações, pois se desejamos um mundo melhor, é preciso, começar por nós...

Na última quinta à tarde fomos visitá-lo, e também dizer qual a razão que não tínhamos ido mais, visto que o nosso contrato de trabalho não foi renovado, após 19 anos de divulgação das “Gotinhas da Saúde”...

No intervalo de seu atendimento, conversamos, pois cinco décadas, de amizade, trazem lembranças, nos despedimos, era hora de voltar, pois o retorno de dois ônibus nos esperava e demora em média duas horas... 9h38min.

Curitiba, 18 de julho de 2018 – Reflexões do Cotidiano – Saul

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 19/07/2018
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