MUITO ALÉM DO GOOGLE EARTH

Natasha é uma loira esbelta de 17 anos, cabelos longos cacheados, cuja beleza, Inteligência e simpatia catalisam-se harmoniosamente. É filha de Sigmund Anderson Jr., professor de Ciências da St Leopold School, uma escola norte-americana localizada em São Paulo. A instituição é referência pela qualidade do ensino e pelos “quilates” pagos mensalmente pelos privilegiados clientes. Natasha Anderson, como filha de funcionário, pode usufruir do ensino gabaritado, gratuitamente. Após a conclusão da high school, o pai a encaminhou para tentar o curso de sua preferência numa universidade dos EUA, e anos mais tarde, pode concluir seu mestrado e doutorado, na área de tecnologia. Desde então, adotou São Francisco na Califórnia como moradia e base estratégica de vida.

Era massiva consumidora de tudo relacionado a tecnologia, devorando livros e matérias de notórios mestres, tais como Steve jobs, Bill Gates, Mark Zuckerberg e tantos outros. Convicta, jurava que faria como eles, antes do que se imagina chegaria ao seu objetivo. Natasha tinha um defeito, era chocólatra contumaz. Dizimava seu chocolate e o de todos que estivessem a menos de um metro dela. Foi quando conheceu o jovem estudante universitário Philip Lars, a 80 centímetros de seu tablete de chocolate ao leite. Trocaram ideias e sairam algumas vezes, iniciando uma “doce”amizade. Numa dessas conversas, Lars confidenciou a Natasha que a Google tinha uma vaga disponivel e que poderia coloca-la em contato com uma conhecida sua, na empresa. Por que não? — ponderou ela.

Foi então que, inspirada pelo chocolate de Lars, batalhou que batalhou até conseguir a tão sonhada vaga na cidade Google, a Mountain View, materializando um sonho que poderia revolucionar de vez a sua vida. De repente, viu-se em um dos edifícios da GooglePlex, onde deveria desenvolver, à moda da casa, suas mais loucas aventuras tecnológicas. É claro que, até a loucura é tratada com o devido respeito na sede da companhia. Natasha teve toda a liberdade criativa, pode optar pelo melhor horário de trabalho e teve acesso também a doses generosas de seu pitel favorito, chocolates suiços em diversos sabores. Mas, para que não virasse uma bola, teve também aulas de dança, academia de ginástica e demais atividades.

Naquela manhã, fora levada para conhecer um sofisticado simulador do Google Earth, onde teve acesso a uma redoma que lhe permitia fazer uma “viagem” pelo mundo. Natasha quase pirou, esquecendo até mesmo da barra de chocolate de sua bolsa e dos longos papos com Lars, na confeitaria de costume. Nisso, teve uma visão que culminaria numa virada de mesa, com todas as letras. Sabia que o Google Earth era incrível, mas que poderia ganhar nova musculatura. Ao final da tarde, assim que terminou sua jornada de trabalho, voou para seu apartamento munida de reservas extras de adrenalina, uma ideia genial e um bom tablete de chocolate com cobertura de castanhas.

Jogou o par de tênis longe e acomodou-se em sua cadeira vermelha diante do computador. Estava bem alí, diante dela, a chance de conferir se aquele insight seria de fato possível, ou se não passava de um grosseiro engano. A noite avançava rápido ao ritmo de seus cálculos, tanto que o sol já despontara no horizonte. Checou parâmetros, quilômetros de códigos, fórmulas e de súbito sua boca secou. Sua visão embaçou e focou novamente. A pele de seu braço arrepiou e sua pupila contraíra ao nível máximo. Às 7 da manhã…BINGO!!! Encontrara aquilo que revolucionaria o Google Earth. Abraçou e beijou a si mesma e ao computador.

Cavalgou em sua bike rumo ao laboratório, onde às 7h30 pode aplicar as fórmulas. Os demais colegas madrugueiros e ensonados não entenderam sua repentina euforia; acharam que ela tinha descoberto uma fonte inesgotável de chocolates. Diante do computador, colocou o óculos simulador e deu start, iniciando a viagem pelo Google Earth. Nisso, uma decomposição digital surgiu na tela, gerando a viagem planejada em um novo gráfico. Viu diante de si a mesma rua onde costumava encontrar Lars. Por coincidência, avistou-o em seu trajeto rumo à universidade, bem próximo à confeitaria. Aproximou-se digitalmente e lhe disse OLÁ! Lars olhou ao seu redor, sem entender. Imaginou ter ouvido coisas...

Repetiu a interjeição e Lars pode ver a namorada diante de si numa configuração digital perfeita. Ficou petrificado, lívido como um chocolate branco. Natasha sorriu e sugeriu que caminhassem juntos pela calçada... Sucesso total! Ela havia conseguido um contato via simulador com seu namorado, aplicando algorítmos complicados e convertendo códigos digitais em plasmáticos. Perplexo, Lars lhe questionou.

— C-Como fez isso, Natasha? — balbuceando as palavras

— Prometo que lhe contarei tudinho logo mais. Quitou-se e retomou os controles na central do laboratório. Equalizou seus cálculos, renderizou alguns gráficos e deu SAVE; estava configurada a materialidade digito-plasmática de seu projeto, para o Google Earth. Natasha correu direto para o coordenador de sua área e inteirou-o do fato.

Pasmo, diante do exposto, notificou a diretoria sobre a descoberta e compartilhou entre seus colegas do Googleplex. Natasha tornou-se uma celebridade em Mountain View. A empresa implementou e repercutiu o método, oferecendo ao mundo todo a novidade digito-plasmática. Novos tempos nasceram da genialidade de Natasha, agora o internauta poderá caminhar e interagir com tudo e com todos, dentro dos parâmetros criados pela garota. E claro, Natasha, por mérito, foi premiada com um cargo de acordo com suas reais potencialidades, para orgulho do paizão Sigmund Anderson Jr., sediado lá no Brasil. Mais que pai, um orgulhoso tiete de sua pimpolha, vencedora meritória… e devoradora inveterada de chocolates em suas mais diversas formas e possibilidades.