Não vai doer!

Sempre gostei demais de andar de bicicleta, minha infância constantemente se dividia entre: Estudar demais, ficar no computador demais e andar de bicicleta (não tão demais quanto os outros demais), mas tempo o suficiente para adquirir alguns joelhos ralados. E eu chorava viu? com a dor na alma de quem havia perdido um rim, apesar de que até hoje eu desconheço (ainda bem) a dor de alguém que perde um rim, suponho eu, que seja muita...

"Vamo lavar isso" - Dizia minha mãe - Eu relutava até o ultimo segundo, com sangue escorrendo na perna, lagrima escorrendo no rosto, meu corpo escorrendo na parede enquanto minha mãe revirava os olhos e me chamava de braços cruzados ao fim do corredor.

E ai eu finalmente ia, depois de ter passado por toda aquela ardência que dá, de sentir o ventinho que bate em cima, doer para caralho, mas teoricamente ser menos pior que a água fria por cima. No fim das contas nem doía tanto. Logo passava.

Hoje eu parei para pensar que fazem alguns meses que não escrevo, mas é nada, nadinha mesmo. Nem aqueles trechinhos ou mensagens que nunca serão enviadas, porque abri finalmente minha empresa de marketing, juntamente com minha sócia, sonho antigo, coisa que consome o coração desde a adolescência. Nós temos trabalhado tanto nisso, nos doado tanto, mergulhado tão fundo, que tenho trocado festinhas com turmas de amigos e eventos na garrafeira cheios de fumaças e super entusiasmo do dj, e das garotas, dos rapazes, de TODO mundo, por comprar algumas heinekens e tomar enquanto revisamos algum contrato, ou sei lá, enquanto preparo a art de divulgação do evento de algum cliente nosso...

Tanto, que eu juro que achei que não conseguisse mais escrever nada, sei lá, possivelmente vai sair uma porcaria, escrita é pratica e a única coisa que eu tenho praticado na vida, são minhas habilidades com corel draw. Deu frio na barriga, deu medinho.

- Vai doer! - Eu pensei

- Não vou me basear no clichê do "é como andar de bicicleta, a gente nunca esquece" porque isso é coisa de amador. - Pensei também.

Ai comecei a escrever esse texto, me derretendo inteira, mas dessa vez quem me esperava ao fim do corredor era a vida, revirando os olhos e me dizendo só mais uma vez.

NÃO VAI DOER.

Ana Karolina
Enviado por Ana Karolina em 23/07/2018
Código do texto: T6397744
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.