Uma troca de roupa

Quando ingressei como diretor de escola, já no primeiro dia, estatelei-me no meio do canteiro da Avenida Vereador José Diniz. Ninguém me ajudou! Levantei-me, sacudi a poeira e, não, não dei a volta por cima, longe disso... comecei a chorar. E assim, embarquei. Foram duas horas de solavancos em uma paisagem estranha. Pensei: " Por que comigo?" E respondi: "Porque você quis." Respirei fundo.

No caminho do ponto de ônibus até a "minha escola", lembrei da EE Francisco Graziano, há três quadras da minha casa... chorei de novo.

Cheguei! Fui tão bem acolhida que esqueci-me que estava toda suja de barro e com a garganta doendo de tanto segurar o choro.

Sim, eu precisava ter conhecido a periferia de São Paulo, para valorizar tudo o que viria depois!

Na volta para casa... era véspera de feriado prolongado e as duas horas no ônibus transformaram-se em cinco. Não tinha como voltar para Araras... mas depois de um dia todo trabalhando e aprendendo, não consegui chorar, ao contrário, tive uma crise de riso, ao olhar para a minha roupa suja no tombo da manhã, comprei a passagem para Americana e aprendi que sempre é necessário carregar na bagagem uma troca de roupa.

Silvana Noya Pires Michelin
Enviado por Silvana Noya Pires Michelin em 24/07/2018
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