Solidão

No meu quadrado me encontro, o casarão avarandado inerte está, na varanda as redes vazias movimentam vagarosamente. No telhado é como se uma cachoeira desabasse sobre ele, as goteiras de tão intensas fazem pequenos buracos no solo. Se as árvores estavam sedentas, as águas prostram-se aos seus pés, saciando-as.
Elas sairam na expectativa de pegar um sol, todavia ele escafedeu, nesse mundão de água, onde será que elas devem se encontrar. Estão refugiadas em algum lugar ou resolveram encarar a chuva?
Na edícula, frígido é o ar, e aos poucos vai adentrando a câmara. Queria ter palavras para descrever o que sinto no momento, esse ambiente provoca êxtase no meu íntimo. Um leve fastio visita-me, talvez seja a revoada que se recolheu em algum lugar.
Procuro distrair-me estudando um pouco, mas isso também deveras é impossível, a poluição sonora ecoando da casa do vizinho impossibilitará o estudo. Aproveitando esse gancho, por que sou obrigado a ouvir a música do vizinho? Por que não contentam em apenas eles ouvirem as músicas. O meu direito acaba a partir do momento que começo a molestar o meu semelhante. Oh Bom Senso onde andas tu?
Enquanto ele não chega, ficarei aqui contigo, minha eterna companheira, você que em momento algum me desampara, minha doce solidão.
 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 26/07/2018
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T6400734
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