ENTRE AS MEDALHAS, PREFIRO UM ABRAÇO

Um abraço verdadeiro.

Tenho a felicidade de fazer parte da geração contemplada com os grande festivais da música popular brasileira. No final da minha criancice, acompanhava produto musical, pelas rádios, gostava de quase todas. Enquanto escutava tentava descifrar as letras e significados. Uma delas, de minha preferência, chama-se Ponteio, defendida por Marília e Edu Lobo.

Intrigava-me o nome de Marília. Medalha seria o sobrenome verdadeiro ou artístico?

- Muito tempo depois fiquei sabendo, na realidade era Marília Medaglia!

Então, Marília foi a primeira medalha que conheci.

Já na metade da adolescência surgiu um tal de Muttley que gritava irritantemente:

- Medalha, medalha, medalha! - Parecia-me a eterna busca pelo reconhecimento, através das medalhas, mas final, como poderia o Dick Vigarista e o Muttley, serem medalhados, já que ambos eram de má conduta?

Depois vieram as de futebol, de corridas e mais futebol. As engolidas por muitas crianças, aliás, nem medalhas eram, mas simplesmente medalhinhas.

Na caserna prometia-se as por tempo de serviço, aos 10, 20 e 30 anos, desde que se fosse de bom comportamento.

Certa feita, tocou o telefone e fui informado que iria ser agraciado com a Cruz de Ferro, honraria normalmente destinada aos mais alto posto da corporação e autoridades dos escalões mais elevados.

Ao meu lado estava um amigo urso, com o qual comentei da indicção que recairá sobre a minha pessoa.

Algum tempo depois, ele, o amigo urso, furtivamente foi até a assessoria da autoridade outorgante, sugerindo que tal indicação normalmente recaia sobre o mais alto posto, coisa que no meu caso se deu somente 5 anos depois. Sem jeito, o mesmo assessor disse-me que o agraciamento havia sido cancelado.

Exatamente 5 anos depois veio o agraciamento. Ainda bem, que na data da entrega eu estava viajando, então ela chegou-me pelo correio.

Exceto as dos 10 anos e dos 20, as demais chegaram quando já não me tinham serventia alguma.

De muito tempo, entre elas e um forte abraço de um verdadeiro amigo, prefiro o abraço. Sinceramente, o abraço, só isto.

Hoje nem mais os medalhões de picanha me agradam, prefiro arroz e feijão, puros, como nos velhos tempos.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 27/07/2018
Reeditado em 28/07/2018
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