Sinais

Ser errante. Sem voz e sem música. Perdi-me em alguma parte do caminho e não sei mais voltar. Agora só posso ir. Vejo possibilidade de mudar de rota, mas sigo errante.

Até quando?

Até quando esperarei um sinal dos céus se continuo ignorando os sinais claros dentro de mim? Se penso que é só (só?) coisa da minha cabeça? Se é coisa da cabeça, não há que se prestar atenção? Se é coisa do coração, não há que se pensar a respeito?

Mas não... Sigo buscando... Buscando sinais externos.

Que tipo de sinal poderia eu querer? Uma avalanche, um terremoto? Quão grande deveria ser este sinal para me convencer de que, também ele, não é apenas mais uma “coisa da minha cabeça”?

Sinais. Não os noto. Ignoro-os o tempo inteiro e continuo pedindo mais.

Um sinal que me prove que aquilo é verdade.

Como se fosse possível ser mentira.

Como se fosse possível dessentir o que se sentiu, desouvir o que se ouviu, desfalar o que foi dito, desver o que se viu.

Os sinais estão lá, o tempo inteiro, mas tenho a petulância de pedir mais. De querer um sinal maior.

Que não seja o de um relógio ou máquina de hospital dizendo que o tempo acabou.