Vaidade Egoísmo Ciúme

Tenho aptidão ímpar para o drama. Visualizo cenários de horror, e creio que são verdadeiros. Para cada cenário, três mil desdobramentos, e nenhum parece ser o ideal. Como um vício mental, as histórias se repetem indefinidamente, rindo-se da minha total falta de desenvoltura para lidar com elas. O que elas esperam de mim é coragem. Coragem para encarar as coisas como realmente são (e, na maioria das vezes, não são tão grandes assim). Coragem para sair do conto de fadas. Coragem para tomar as rédeas do meu cavalo e ficar firme. Não preciso seguir, não preciso descer, não preciso nada. Mas posso observar.

Histórias repetidas me dizem que não adianta fazer drama, porque ficarei presa num lugar que remove a minha força. Ficarei presa, aos prantos, na calçada, na escada, no gramado ou no meu próprio travesseiro, acreditando que a prisão realmente está fora de mim.

O meu nome é vaidade. Sobrenome egoísmo. Nome do meio ciúme.

Quero ter o monopólio. Não apenas quero que minha voz seja ouvida, como esqueço que existem outras vozes igualmente importantes e igualmente verdadeiras. Esqueço-me que todos podem procurar a felicidade e ela pode estar em caminhos nos quais eu esteja ausente. Esqueço-me que não posso ocupar todos os lugares do mundo, nem obter todas as vantagens, nem ter todo o controle.

Tenho em minhas mãos o cadáver e o carrasco. Eu crio, mato e destruo. Crio monstros, fantasmas, e cenários de horror. Para cada cenário, três mil desdobramentos, e nenhum parece ser o ideal.