Entender.

Eu não estava nada bem naquela manhã, passei a noite em claro, tomei café me arrumei e sai, por um momento achei que um pouco de ar fresco e ver as pessoas na rua me faria bem, mas não fez, só me senti ainda pior.

Minha casa estava transbordando a minha tristeza ao abrir a porta, era o espelho do meu emocional, minha vontade era apenas de me esconder debaixo das cobertas como uma criança apavorada.

Aquele sentimento me mostrava que aparentemente ninguém me entendia, me distanciei ainda mais das pessoas por conta dele, aquele aperto no peito não saravá de jeito nenhum, era como se algo estivesse corroendo aqui dentro, a vontade de chorar era constante, como se cada suspiro não trouxesse o devido alívio, eu ficava na internet, catando as migalhas de felicidade dos alheios e desconhecidos, mesmo que eu fizesse uma piada da minha situação, a dor não passava de nenhuma forma.

Eu apenas gostaria de que aquilo fosse embora, não queria a sua visita, não queria o seu abraço gélido e sufocante, eu poderia sentir muito bem a forma que aquilo me consumia, a apatia estava no meu rosto, fria como uma lápide acompanhada do doce sono oferecido pela morte.

Eu só quero que isso acabe, apenas quero que a dor vá embora.

Eu entendi e compreendi a forma poetizada de estar sozinho num trem lotado, eu entendi como é, como é ser corroído sem nunca se consumir, como é que o conhaque se torna um anestésico, como é que sua casa se torna seu esconderijo e ao mesmo tempo a sua prisão, entendi o que é passar horas debaixo do chuveiro e sentir que não dá pra tirar a sujeira de dentro da mente e do coração...

Agora entendo de fato mesmo sem querer ter entendido, o que é passar pela depressão.