Dualidade

“Nossas percepções resultam, em

maior ou menor grau, de contrastes.

Se houvesse apenas a uniformidade sem

a dualidade dos contrastes, esta uniformidade

escaparia à nossa percepção e se confundiria com o nada.”

Oswald Wirt

Segundo Carl Gustav Jung, sempre que estivéssemos divididos deveríamos permanecer entre os dois lados, suportando o conflito, até encontrarmos uma terceira opção que seja capaz de unir as oposições. Se simplesmente escolhermos um dos lados, cedo ou tarde sentiremos falta do outro. Em hipótese alguma estou sugerindo que fiquemos em cima do muro, porém podemos criar o caminho do meio, uma síntese, ao qual Buda se referiu. É aí que, com criatividade, surge a oportunidade e espaço para a tolerância, aceitação, conciliação e paz.

No entanto, somos seres ainda limitados quanto à compreensão dos extremos, tanto principio quanto fim. O mundo que percebemos é apenas um ínfimo ponto no universo que nos rodeia. Não conhecemos nem a nós mesmos. Mesmo assim somos intolerantes com ideias que não coadunam com as nossas.

O intelecto humano é ainda muito limitado. Entendemos muito pouco do presente, do que somos, quase nada de onde viemos e muito menos do futuro para onde caminhamos.

Será que enquanto estivermos presos ao fato de sermos finitos, nos será dado conhecer o infinito? Quando deixaremos de viver e agir apenas dentro dos limites que nossa parca visão física delimita? Quando nosso limitado saber conseguirá harmonizar matéria e espírito em seu devido e justo contexto?

Em relação ao nada podemos ser tudo, porém em relação ao tudo, parecemos nada, ou quase nada. No entanto fazemos parte desse todo. Pequenos como uma gota no oceano, mas parte dele e influenciando no mesmo. Se conseguíssemos conviver pacificamente com as nuances e dualidades de nosso mundo, compreendendo e tolerando as diferenças, quem sabe pudéssemos ser nós mesmos, seres livres, porém unidos em um ideal comum de prosperidade e felicidade.

Mesmo algumas vezes não concordando com a dualidade que a nós se apresenta, deveríamos procurar entende-la, criando uma síntese, ou seja, a terceira opção de Jung. Aí sim, estaríamos livres de dogmas e preconceitos, prontos a trilharmos qualquer caminho, limitados apenas pela ética e pela nossa consciência, gerando o espaço para a criatividade e abrindo nossas mentes para o infinito. Quem sabe, a partir daí, passaríamos a conhecer a nós mesmos e entender de onde viemos, o que somos e para onde vamos.