Língua certa do povo

Acho que quem escreve deve procurar respeitar a Língua Portuguesa, mas sem encucar e, claro, sem renunciar à linguagem popular, à linguagem do povo. Tem mais: só possui estilo próprio quem nao perde o seu linguajar, o linguajar das suas raízes. Quem fica obcecado pelas normas rígidas do português escorreito e frio, se torna chato e ningué entende o que ele escreve. Fica restrito a uma patota de chatos e pedantes.

Todos os grandes escritores recorreram à linguagem coloquial, sem frescura, popular. Nçao ficaram obsedados com as gramatiquices. Vou dar um exemplo: Jorge Amado, seus romances fora escritos sem preocupação com a linguagem erudita, escreveu como o povo baiano fala. Numa entrevista ao jornal "O pasquim", ele disse: "Eu não sei gramática, não consegui aprender, nunca fui boim aluno de gramática e nunca me preocupei com isso". E foi um dos maiores escritores do paós e todos os tempos.

Longe de mim defender ou ustificar meus erros de gramática. Pelo contrário, sempre confesso reconheço, admito e até faço gozação com minhas limitações n que tange ao português e tudo no mundo. Mas acho que tenho um estilo, um estilo gambiarra, acanhado, limitado, mas um estilo, e o estilo já disse Buffon (não o goleiro, mas o pensador) é o homem. Jamais vou renunciar à maneira coo escrevo, escrevo como falo, e falo da menira cmo o meu povo fala. Adoro um poema de Manuel Bandeira (um dos grandes poetas do país), "Evocação do Recife", em que ele disseca, num trecho, esse assunto, a linguagem do povo. Cantou Bandeira:

"A vida não me chegava/ pelos jornais nem pelos livros/ Vinha da boca do povo/ Língua errada do povo/ Língua certa do povo/ Porque é ela que fala o português gostoso do Brasil/ Ao passo que nós/ O que fazemos/ É macaquear/ A sintaxe lusíada".

Outro que nao igava a mínima para o elitismo gramatical era Ariano Suassuna, tudo que escreveu se baseou na linguagem do povo, inclusive na literatura de cordel. Ele disse: - Não troco o meu "Oxente" pelo "OK"de ninguém.

Assim, hermanss e hermanos, fico com Jorge Amado, Bandeira e Ariano, é melhor companhia e exemplo. Detesto chatos e quando se metem a patrulha da gramática... Xô, chatos. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 11/08/2018
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