Domingo em Pesqueira

É domingo em Pesqueira. Um domingo frio. Isso faz com que fiquemos mais tempo na cama. Um dia que nos obrigando a permanecer mais tempo e casa, nos inspira, logo depois de ouvir o programa Pesqueira Meu Amor, a remexer no baú das nossas lembranças e saudades para nele reencontrarmos aqueles nossos "guardados" tão pessoais, aqueles papéis velhos, amarelecidos pelo tempo. empoeirados, qu faz com que nós. alérgicos e asmáticos, espirremos de imediato. São papéis e objetos esses que tal e qual o confete de Davi Nasser são "pedacinhos coloridos de saudade".

São lembranças (um cascatear de lembranças) que começam a desfilar diante de nossos olhos como se fosse umfilme antigo, a começar elas fotografias de criança, o diploma do curso ginasial, mais adiante a foto do time de peladas (onde andará fulano? onde andará sicrano e beltrano que era hal-volante onde será que se meteu?), vemos tamabém a antiga carteira de estudante,a velha caneta Compactor, convites antigos, cartas que não respondemos, discos de Dalva de Oliveira, Bievenido Granda, Ângela Maria, Orlando Silva... e livros que fizeram a nossa cabeça ("Mãe", de Máximo Gorki, "Crime e Castigo", de Dostóievsky, "Angústia", de Graciliano Ramos, "Jubiabá", de Jorge Amado, "Para uma menina om uma flor", de Vinicius de Moraes e outros. São tants, enfim, as lembranças queridas que não podem seravaliadas com base em dinheiro, que não podem ser vendidas, alienadas e ner permutadas. São coisas nossas, pessoais e instranferíveis. Delas faz parte até um surrado "Diário", anotações idealistas e emotivos de um tempo em que éramos mais autênticos.

Então porque é domingo e faz frio, após as inevitáveis lágrimas externas e internas (é incrível como choramos internamente, ne mmesmo?), motivadas pela saudade, depois de curtir tantas lembranças, depois desses instantes tão particulares de conversa com os nssos botões, o jjeito é sair para espairecer, para dosar as lembranças com a realidadeem preto e branco do cotidiano. E o clima para aua caminhada está ótimo porque faz frio e bebida que pretendemos tomar só pode ser quente, de preferência uma cachacinha com limão, ou quem sabe um Dreher, só não pode ser a loura suada, esta só se for para rebater. Então, epois da caminhada paramos num bar e rodeados de amigos tomamos um porre leve, conversando amenidades: futebol, muitas mentiras, anedotas, mas evitando conversar sobre política porque esse papo está qualquer coisa de desgastado e desmoralizado, é muito melhor, acreditem,ouvirmos mentiras. Assim vamos conversando na base do "tocar a bola" até o fim dojogo (um dos amigos sempre diz que a bola é a garrafa e as chuteiras são os copos), conscientes que neste domingo frio não adianta querermos dar o drible da vaca na nossa saudade porque os nossos radares permanecem sintonizados com o tempo que foi e não será mais, uma fase das nossas vidas que foi muito boae por isso mesmo, volta e meia, sentimos um aperto no peito, uma dorzinha característica, querida, chamada saudade, uma coisa nossa, peculiaridade que nos diferencia dos animais, sentimento que os tenocratas de Brsília e os governantes incompetentes ainda não proibiram e nem taxaram.

Ah, hermanas e hermanos, que saudade sentimos do tempo que éramos felizes e não sabíamos. Esses domingos frios nos inspiram a recordar. E recordar, disse o poeta, é viver. Viva a vida. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 12/08/2018
Código do texto: T6416740
Classificação de conteúdo: seguro