Registro!

Se dependesse dela, ela acordava e dormia registrando tudo o que acontecia durante todo o seu dia. Para qualquer acontecimento ela pega o celular.

Há mais de três décadas, apenas o telefone era usado, mas aquele telefone de linha, o que ainda tinha que discar número por número. Hoje, celulares cada vez menores, mais potentes que nos permitem registrar tudo aquilo que nem ao menos imaginamos.

Se ela pudesse registrar o ar que respira, lá estaria ele, criando forma na tela registradora. Há um ritual para todo esse empenho. Maquiagem, escova de cabelo, roupas e muita, muita criatividade. Uma criatividade que nem eu mesma imaginara existir.

Há magia nos seus registros, há vida e emoção. Não é qualquer filmagem ou foto que ela aprova. Um inevitável acontecimento é o filmar e apagar. Quantos vídeos apagados porque faltou brilho, ou ficou mal em determinado ângulo! Mas nunca e jamais desistir.

Está certo, muitos ficam bitolados e esquecem de viver pensando somente nos registros. Mas ela não, ela vive. Ela dança, canta, estuda, brinca, filma e clica, sim, não posso esquecer os muitos cliques envolvidos em seu dia a dia. São cliques deitada, em pé, dançando e sorrindo. Sua vida é uma redoma com o celular.

O ranzinza irá dizer que não faz bem aos adolescentes, o crítico irá dizer que deverão aproveitar a vida de outra forma, entretanto pergunte a um adolescente para ouvir o que ele diz. Ela eu sei o que dirá. Irá falar que antigamente não se podia registrar os melhores momentos e que agora se pode. Os críticos irão dizer que os melhores momentos eram vividos e não registrados. Mas quer saber, ela tem razão! O que vale a vida se não for para fazer o que se tem vontade? Certo, concordará o otimista. Errado, discordará o pessimista.

Adolescentes são assim mesmo, registram para viver e não seria diferente com ela. Ela vê história na filmagem, vê cor, vê sinceridade, vê vida. Ele enxerga a cor que para muitos está no preto e no branco. Ela enxerga a história que para muitos passaria despercebido. Ela enxerga sua juventude, sua alegria, sua alma.

Há quem discordará, há quem concordará. Mas, quer saber? Ela tem razão!

Viviani Borghezan
Enviado por Viviani Borghezan em 12/08/2018
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