MALES DO CELULAR
O Jovem olha e diz...
— Te conheço de algum lugar... humm...
Lembrei! Você não é aquele do selfie na hamburgueria?
— Isso mesmo, seu pai!!!!
— OPS! Foi mal.
Parece cômico, mas é trágico. As pessoas se curvaram ao celular, em
detrimento do entorno, vulgo, o que se passa diante do nariz e que virou secundário. O pai virou App.
A mãe, Web. A amante, Wi-Fi (Wireless Fidelity) mas nessa crônica, a infidelidade. Tudo é digital!!! O casal não transa mais... pluga!!!
Quando eu era adolescente olhava para baixo buscando me divertir. Hoje, o dito olha para baixo pelos nudes... do celular. E o garoto cheio de dúvidas?
Em sua primeira relação... analógica... pensa: Hummm... essa coisa deve ser como certas embalagens; “Agite antes de usar”.
E aqui vão alguns termos e seus supostos sentidos:
AMOR: ninguém mais sabe o que é... pesquisam no Google.
BANHEIRO: Outro dia Dudú estava “apertado” na sala e Julinha no lavabo.
Acreditem!!! Passou um Zap:
— Demora? Quero baixar um load. Ao que ela responde:
— Calma, é o nº 1.
Se fosse o nº 2, alguém não habituado poderia imaginar uma espécie de contabilidade ou hierarquia profissional. Ontem, conversei com minha esposa. Me pareceu entender o empobrecimento das relações humanas.
Me disse que estava preocupada com a pequenez de tudo e de todos. Pensei; vai abandonar o celular, me olhar nos olhos e dizer que sou o amor de sua vida. Não! Ligou pro oftalmologista.
Basta!
Quero sentimento sincero, paixão. Chega desse mundo digital.
O modo vibrar está superado.
O que vale agora, em definitivo, é o tremor nas pernas, as batidas do coração e o “Te amo”, dito não curvado, mas olhando para cima, bem dentro dos olhos.