A moça que tinha nome de rainha

Ela olhou para o relógio de parede que marcava quase 23hr:04.

Tentou pensar em qual nome ela usaria no dia de amanhã.

A batida daquele som do velho relógio ecoava em seus ouvidos e a transportava ao último episódio da sua vida barata.

“Não saberei responder a sua altura”. Pensou alto.

Não conseguiu organizar seus pensamentos desconexos que insistiam em criar situações chaves para manter seus fantasmas por perto.

Uma doce agonia em esperar por contatos frios e distantes. Seu novo vício.

Talvez encarar o cinismo alheio lhe impulsionava a incorporar papéis que na vida real não teria coragem. E aquela lista imensa de nomes que ela adotava para si era um convite quase que perfeito para encenar o mal que ela fingia escapar.

“Falsa! Cínica!!”. Gritou um de seus personagens.

Ela sabia que seu cinismo era sempre o seu coringa da sorte.

E com as cartas postas na mesa ela passava a dominar o jogo.

“As suas inspirações estão bloqueando minha mente criativa”. A outra personagem falou.

Por que será?

Ela bem sabia do monstro que estava prestes a criar.

E com mais alguns metros de corda, a outra deixou-se enforcar...

Rafaela Drummond
Enviado por Rafaela Drummond em 28/08/2018
Código do texto: T6432528
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.