Baião de um, dois...

A vida não quis ser pra sempre o baião de dois da mainha.

Com gosto de cozinha de mãe

e cadeira no canto da parede,

não quis ser o resto de massa de bolo no fundo da bacia misturada com achocolatado,

doce que dói!

E por falar em dor,

a saudade às vezes dói igual maxixe quente no céu da boca. É jerimum laranjinha com arroz e amor,

é barriga cheia e coração quentinho,

sono da tarde,

mas a vida danada não quis ser só isso,

era pouco,

era raso,

claro que não!

Tinha que ter reboliço.

É contrato, papel,

documento, compromisso.

Tinha que trabalhar até molejar as pernas

e duvidas a mente, tinha que pedir permissão a Deus e aprende e crescer e sobreviver.

Podia ter sido café com leite

e pão com manteiga, mas a vida quis correria,

sol do meio dia,

mochila, teclado de computador.

Adeus queijo coalho,

adeus bolacha acebolada,

adeus lambedor.

Era isso e aquilo, ó meu salvador,

eu não quero perder nada disso,

mas que se por um descuido,

o senhor me fizer, sem nenhum compromisso

menos ocupada que sou,

eu pego meu trapinho e vou antes do sol nascer

visitar meu berço,

que mainha com amor me guardou.

Ana Karolina
Enviado por Ana Karolina em 29/08/2018
Código do texto: T6433573
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