Baião de um, dois...
A vida não quis ser pra sempre o baião de dois da mainha.
Com gosto de cozinha de mãe
e cadeira no canto da parede,
não quis ser o resto de massa de bolo no fundo da bacia misturada com achocolatado,
doce que dói!
E por falar em dor,
a saudade às vezes dói igual maxixe quente no céu da boca. É jerimum laranjinha com arroz e amor,
é barriga cheia e coração quentinho,
sono da tarde,
mas a vida danada não quis ser só isso,
era pouco,
era raso,
claro que não!
Tinha que ter reboliço.
É contrato, papel,
documento, compromisso.
Tinha que trabalhar até molejar as pernas
e duvidas a mente, tinha que pedir permissão a Deus e aprende e crescer e sobreviver.
Podia ter sido café com leite
e pão com manteiga, mas a vida quis correria,
sol do meio dia,
mochila, teclado de computador.
Adeus queijo coalho,
adeus bolacha acebolada,
adeus lambedor.
Era isso e aquilo, ó meu salvador,
eu não quero perder nada disso,
mas que se por um descuido,
o senhor me fizer, sem nenhum compromisso
menos ocupada que sou,
eu pego meu trapinho e vou antes do sol nascer
visitar meu berço,
que mainha com amor me guardou.