Não sei o que fazer

É só eu sentir sua presença que a desordem se instala novamente dentro de mim... Só não sei ainda se eu ainda gosto disso. Há algum tempo a ventania que você trazia para o meu mar calmo me invadia o ser de mudanças e esperanças positivas, hoje já não sei mais se é assim.

Procuro nem pensar muito, a indecisão, ou pior, ter que saber o que fazer com essa dúvida, me amedronta. Não tem como explicar algumas situações... De repente, sentada apenas olhando o tempo, meus olhos se enchem de lágrima e elas simplesmente escorrem pelo meu rosto. Respiro e volto ao meu dia. Não pode me roubar isso: a paz do meu dia!

Por isso demorei muito a falar sobre o que realmente está acontecendo, não queria ter que explicar o que se passa. E eu esperar que você notasse ou tomasse a iniciativa de uma conversa não passa apenas de ilusão mesmo, né?

Como cheguei nisso não sei. As mãos ainda se encaixam, os abraços ainda se esquentam, os ombros ainda se consolam e a cama ainda é nosso refúgio aconchegante; eu não sei, não me faça falar qualquer inverdade dura, que nem eu aguentaria lidar com qualquer bobagem imediata. Até porque a minha verdade com toda certeza não será a sua!

Nem agora sei se é isso que tenho a lhe dizer... Quando notei esse silêncio incômodo, logo em mim que as palavras são tão tão minhas... vi que estava abalando minhas estruturas mais íntimas. Não só por não querer mais, mas porque eu queria como éramos... não somos mais. Nós sabemos que amadurecemos num relacionamento, só esperávamos que fossemos para o mesmo caminho. Também não aconteceu.

Sabe que no fundo eu acho melhor que não observe mesmo as coisas, há uma maldição nisso. Ser uma pessoa observadora nos faz entender e perceber algumas situações que, no fundo, é melhor nem serem descobertas. Então abençoado seja você; não veja, não sinta, aproveite e não me procure mais. Eu queria dizer que sinto muito por isso, mas não sinto. Já me anestesiou os sentimentos.

O maior problema é que além de não ser observador é surdo, mudo e egoísta. Até aí tudo bem, somos todos imperfeitos, mas me infectou com indiferença por tanto insistir que cada um tem um jeito e ‘ponto’. Vi que não podia viver em função de como agir com você, como lidar com o que você vai querer... segui a vida e agora diz que a nossa vida é seguida juntos? Eu nem sei o que sou, não recebi pedido algum vindo de você, apenas a junção de nossas vidas. Poderia dar certo, se você levasse em conta o que realmente me importa, uma única coisa que me importa a ponto de desistir de tudo.

Sem mais explicações, esses são argumentos proferidos há mais tempo do que eu possa lembrar. Acho até que é por isso que não notei chegando essa vontade inevitável de seguir só. Não me tornei tão fria assim de repente, começou apenas como um bater de asas de uma borboleta, como uma pequena brisa em meus cabelos, com um pequeno gelar de barriga. Até que me congelou o coração...

Não sei o que fazer. Mesmo que o fim venha acontecendo há algum tempo, eu não achei que chegaria definitivamente. Ninguém nos ensina a ficar só, ainda mais quando queremos estar juntos. Estou tentando ver como viver isso. Simplesmente não sei o que fazer...

Sheila Liz
Enviado por Sheila Liz em 30/08/2018
Reeditado em 30/08/2018
Código do texto: T6434809
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