O tamborete de vovó mijar (urinar)

Sei que ninguém reparou, mas pela primeira vez depois que eu comecei a escrever, passei mais de um mês sem escrever exatamente nada. Eu também não me preocupo com isso não. Não forço a barra. Deixo que a inspiração venha normalmente. Às vezes chego a fazer mais de uma poesia por dia. Já cheguei a fazer até cinco em um daqueles dias iluminados. Mas vamos ao que me inspirou exatamente hoje. No inicio do mês passado fui com o meu irmão a uma propriedade da nossa família. Por sinal a única que escapou de varias que os meus pais herdaram. (minha mãe, três e o meu pai duas) Venderam todas as outras. E essa hoje pertence a mim, ao meu irmão e mais três irmãs com uso fruto da minha mãe que graças a Deus esta viva com seus noventa anos. O motivo da visita à propriedade era a mudança de morador. Chegando lá andando pela casa que está bastante deteriorada, veio-me a lembrança de tantos momentos felizes que ali passamos juntamente com toda a família. Depois que a minha mãe herdou a propriedade, eu e o meu irmão que era e ainda hoje quem mais curtia aquele lugar. Chegamos a criar cabras, acho que mais para ter o motivo e o prazer de ir lá todos os finais de semana. Muitas vezes eu ia até sozinho. Depois de percorrer os apriscos e as roças para ver se estava tudo em ordem. Amávamos as nossas redes no alpendre, ligávamos o motor para puxar água do poço e ficávamos tomando banho em um chuveirão, bebendo assando picanha e conversando com o morador e vizinhos que sempre apareciam por lá para uma boa proza. Fui percorrendo cada cômodo da casa e quando cheguei exatamente no quarto que era da minha avó deparei-me com um tamborete que para muitos é um tamborete comum, mas para mim tem uma história engraçada que aconteceu exatamente comigo. Eu não me lembro. Era muito pequeno quando aconteceu esse fato, mas a minha mãe e os meus tios ainda hoje relatam o acontecido. A casa da minha avó materna era muito frequentada por parentes e amigos que todos os dias iam lá para deliciarem-se dos doces, bolos, petas e outras gostosuras que só ela sabia fazer. Contam eles, que certo dia de domingo pela manhã a casa estava cheia. A sala que era grande não tinha uma cadeira desocupada. Eu cheguei como não vi um lugar desocupado para sentar, sai em direção ao quarto da minha avó e voltei arrastando um tamborete, pois eu era pequeno e não podia carrega-lo. Coloquei o tamborete próximo a minha avó, sentei, coloquei os cotovelos nas minhas pernas e pus as duas mãos no queixo e fiquei ouvindo os adultos conversarem. Calado! Naquele tempo criança não se metia em conversa de adultos. E um dos tios que eu não lembro quem foi para puxar conversa comigo perguntou-me. E esse tamborete José de que quem É? E eu sem tirar as mãos do queixo respondi. É o tamborete de vovó mijar (urinar). Aí todos que estavam na sala sorriram bastante. Naquele tempo, as casas não tinha suíte. O banheiro era afastado dos dormitórios. E minha avó que era doente, mandou fazer um tamborete diferente, mais baixo e mais largo para ela colocar o seu pinico (urinol) para ter um conforto melhor na hora de fazer suas necessidades. Pois o tamborete ainda existe, na próxima vez que eu for lá à fazenda vou tirar uma foto para guardar de recordação.

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 01/09/2018
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