A Política do Futuro!?

(Uma crônica sobre um conto que eu ainda não escrevi)

Tive uma ideia para um conto: Seria uma história politica, futurista, brasileira, a partir de uma reforma seria permitido as empresas disputarem as eleições e terem seus candidatos, como se fossem partidos políticos.

A partir de então teríamos uma política nova, com alguns intenções sendo declaradas de forma explícita. Antes de pensar no futuro precisamos entender como se dão alguns posicionamentos políticos nos dias atuais, temos um congresso nacional com bancada da bala, do boi, com lobby das farmácias, dos planos de saúde, das empreiteiras, das transportadoras, dos bancos, das multinacionais e tantos outros. Mas nenhum ser humano que faz parte dessas bancadas quando fez sua campanha afirmou que se eleito fosse serviria a algum interesse lucrativo. Não há quem se candidate e assuma que seus posicionamentos, se dão devido financiamento recebido em caixa 1, 2, 3 ou 20.

Vamos a um exemplo prático: hoje um político da bancada da bala, ao defender que se flexibilize ao máximo a venda de armamentos e munição para o povo, usa o argumento de que nutre uma preocupação com a vida das pessoas, afirma estar trabalhando em prol da segurança e ainda chega a dizer que “arma é vida”. Nessa minha projeção política a honestidade imperará, e este mesmo politico que hoje faz parte da chamada bancada da bala pode dizer que “como legítimo representante da empresa de produção de armas, quer ocupar o parlamento para fazer de tudo para favorecer essa instituição, e atuará para restringir qualquer legislação que possa prejudicar seus lucros”.

As possibilidade seriam muitas, imaginem o seguinte discurso: “A empresa X paga a mim para poder disputar essas eleições e quando eu eleito for posso ajudá-la a ampliar os seus lucros. Eu não vou me importar com politicas públicas para a maioria da população, eu quero isenção fiscal para quem pagou minha campanha, quero perdão de dividas e por isso lutarei para o Empresário Y nunca ser condenado por não ter respeitado direitos trabalhistas”. Em me emocionaria com esse discurso sincero. Seria perfeito!

Com essa reforma os debates televisivos seriam muito melhores, não haveria mais nenhuma necessidade dos candidatos usarem trajes sociais, ao invés disso, eles poderiam estar vestidos tal qual pilotos Fórmula 1, com um macacão coberto com logomarcas de empresas que financiaram a suas candidaturas. Os candidatos também poderiam colocar no púlpito exemplares dos produtos produzidos pelas empresas as quais representam. As mesas poderiam conter além do microfone, uma caixa de balas, um quilo de arroz, uma garrafa de água, de refrigerante, de energético, as possibilidades são infinitas.

A campanha seria igualmente maravilhosa, mais criativas que atuais, os slogan das candidaturas eletivas poderiam ser os mesmos das empresas, imaginem só. Pouparíamos o trabalho dos chamados marqueteiros, pois se atualmente esse profissional pensa o comercial de margarina e constrói a propaganda de candidatos a cargos eletivos, nesse conto futurista ambos produtos seriam vendidos juntos. Imaginem, lindo de ver!

Quanto ao horária eleitoral, penso que poderia ocorrer da seguinte forma: as empresas fariam o seu marketing normal e escolheriam colocar seus representantes em horários a sua escolha, sem limite de tempo, pagando o valor de mercado da publicidade em TV, rádio e mídia impressa. Já os partidos que optarem por seguir existindo teriam a sua disposição o horário eleitoral gratuito com o tempo total de cinco minutos para todos dividirem. Essa regra provavelmente gerará desigualdades, mas como sempre tivemos discrepâncias nas distribuições de tempos entre os partidos políticos, talvez o brasileiro vá querer “manter isso aê”.

Pensei em uma regra importante: o papel de politico representante de empresas só poderia ser exercido por pessoas, muito bem sucedidas economicamente e que tenham o perfil adequado para a função (eu acredito que o Brasil não iria querer uma mudança brusca no visual da maioria dos políticos e se sentiria mais confortável em manter certas tradições ).

Assim, parte dos nossos problemas seria resolvido e na política do futuro teríamos sinceridade. Teríamos o prazer de presenciar um discurso como “eu sou o candidato da empresa X, prometo lutar fervorosamente para que essa empresa seja favorecida em licitações e em tudo mais que eu possa fazer. Isso será muito bom para mim, pois a cada vez que eu favorecer essa empresa eu vou ganhar um bônus bem gordo. Mas será muito melhor ainda para o brasil, vejam que bilhões de reais que o Brasil rejeite que entre em seus cofres, nós garantiremos a manutenção de empregos” (uns 5 mais ou menos).

Confesso que só não desenvolvi o tal conto por medo, vai que isso um dia aconteça, eu não quero créditos por essa ideia. Na verdade eu fico na torcida para que as pessoas percebam que muitos posicionamentos de candidatos tem muito mais relação com o dinheiro que recebem de grandes empresas do que com a preocupação com o melhor para o país.

Júlio Cé
Enviado por Júlio Cé em 03/09/2018
Código do texto: T6438695
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