Olhando a avenida

Seja numa grande cidade ou no interior, observar uma avenida sempre é um exercício interessante, pois além do intenso movimento do trânsito, o que é mais impressionante é a quantidade de pessoas em constante ir e vir... misturando diversas cores, sabores e odores.

Comecei a pensar nos seres humanos circulando na grande “selva de pedra”, pessoas, gente, concreto, asfalto, sonhos, encantos, abandono, desespero, emoções, preocupações. Pessoas que estão apressadas, para talvez irem para seus empregos, outras para procurarem um novo emprego e ainda os que perderam seus empregos. Os que andam lentamente, olhando as vitrines e comprando muita coisa, outros olham sem ter condições para comprar nada naquele momento, e também aqueles que apenas sonham em um dia ter algo. Os que tentam roubar outras pessoas, tubarões grandes e os pequenos também; os que se apresentam publicamente e mostram seus talentos escondidos em troca de algumas moedas, e os que preferem somente pedir com dignidade. Os que usam terno e gravata, os sem teto, os sem nada. Os que vivem e os que se equilibram tentando sobreviver. Ninguém conhece ninguém. Poucos se preocupam com alguém.

E a avenida, será que ela tem vida? Tem, e muita vida, em cada esquina, cada sinal, cada comércio, cada veículo etc. São muitos corações, cada um com seu cada um, todos pulsando, fazendo bater forte o coração da avenida, pois sempre haverá algo importante e significativo para alguém ali naquele concreto todo, mesmo que a pressa os confunda como se fossem alegorias naquele grande desfile, fazendo-os, sem perceber, um pouco menos humanos uns com os outros, porém introspectivamente muito humanos, pensando em suas vidas, em suas famílias, em si mesmos.


08/09/2007


Tema: “Um olhar pela avenida”, proposto no Fórum do Recanto das Letras – Tópico: Crônicas.