EIS O PORQUÊ !!

Estamos tão acostumados a viver de forma precária, confusa, arbitrária e remendada, que já nem nos apercebemos dos princípios hediondos que nos afligem, voltando nossa atenção e olhar para as picuinhas, detalhes e aparentes alternativas, inerentes ao cotidiano.

Sei que muitos discordam de minha visão, e isso é mais uma característica recorrente, na atualidade. Com a profusão das informações, através da mídia eletrônica, mais a tendência social pelo politicamente correto (ao invés do humanamente correto), que preconiza respeito hipócrita, que quase nunca é autêntico, mas apenas representativo, para não cair na ilegalidade, muitos se julgam inteligentes, espertos e cultos, mesmo que mal saibam ler, escrever, e só se interessem por manchetes, notícias bombásticas e fofocas. Temos, assim, uma multidão de peritos, experts e grandes pensadores, que desfiam e impõem suas opiniões, não aceitando ser contrariados. Por conta dessa situação, as discussões dominaram as interações de todo tipo, e vemos pessoas de todo jaez, sempre prontas à contenda, à contra argumentação, ao desprezo pela contradita.

No entanto, toda discussão que tenho presenciado, fixa-se em torno de ideologias, postura, viés social, viés político, viés administrativo e programas (ou promessas) pontuais.

Praticamente, a quase totalidade (senão todas) é inexequível, por depender de instituições, grupos, leis, outros poderes e, quase sempre, de todos esses juntos. Dá para barganhar? Talvez! Mas o preço a ser pago por um eventual e “parcial” sucesso, volta a ser a corrupção, o privilégio e todos os demais desvios que já emporcalham os escaninhos do poder.

O que nenhum candidato diz, porque seria seu descrédito, junto à massa de eleitores, é que, não importa quem seja eleito, nem o que pretenda fazer, estará sujeito às mesmas regras e mumunhas que hoje dominam todos os âmbitos governativos.

A estrutura do poder está podre, protegida por bandidos, e isso ainda não mudou.

Mudar tal situação, é, através do próprio sistema, praticamente impossível.

Não é preciso ir muito longe. Basta fazermos as perguntas certas.

Por que os políticos precisam ganhar tanto? Por que se aposentam em poucos anos?

Por que os políticos têm tantas mordomias? Por que trabalham tão pouco?

Por que governantes moram em palácios? Por que precisam de tantos funcionários?

Por que existem tantos cargos de confiança? Por que tantos ministérios e secretarias?

Por que juízes recebem tanto? Por que precisam de tanta solenidade e importância?

Por que existem imunidades e impunidades para autoridades de todo tipo?

Por que a justiça só funciona para quem tem dinheiro? De onde vem tal dinheiro?

Por que existem disparidades trabalhistas, se todos têm de ser iguais perante a lei?

Por que os militares têm justiça e obrigações diferenciadas?

Por que não há transparência, desde a arrecadação e até a destinação do dinheiro público?

Por que os juízes têm a última palavra, se são apenas pessoas corruptíveis?

Há muitos porquês a mais por relacionar, mas o que importa, mesmo, é que se tivéssemos, ao menos um candidato interessado em, realmente, mudar a realidade infecta deste povo, teria de abrir mão de todos seus privilégios e “direitos”, anunciar sua intenção de quebrar a estrutura podre e desconstituir os poderes, que se tornaram ilegítimos, a partir do momento em que deixaram de proteger o bem comum, de dar assistência à população, de evitar o mau governo, de impedir todo descalabro administrativo, de zelar pelo erário, de unir esforços em prol da justiça social.

Todo candidato que apenas propõe um programa, dentro da estrutura atual, sabe que está mentindo, se não for mentalmente desprivilegiado. Não há discussão aqui, a não ser para que se defenda interesses pessoais ou grupais. E se o que digo parece utópico, porque depende de algo mais que sentar a bunda numa cadeira confortável e ditar regras estúpidas para puxa sacos, ou ir a eventos desnecessários, dizer o que todos querem ouvir e parecer o pai da nação, acrescento que nenhuma mudança neste mundo aconteceu sem uma radical virada, sem a busca da utopia, sem a quebra da rotina massacrante e dominante. Não há omelete sem ovos quebrados.

Não sou adepto da violência, não prego luta física, depredação, agressão, mas uma sólida luta mental, através da desobediência civil, dos manifestos pacíficos, da não concordância ou participação das regras do atual sistema. Aqui começa a verdadeira civilidade ou cidadania.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 09/09/2018
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