Não Vou Mais Atender A Sua Expectativa

Ah, vou gritar...

Vida quero pecar, aceito ir pecando, lhe entrego o confessar, não sou tão santa, não sou tão boa quanto aparento; aprendi a lutar, aprendi a sobreviver; se força em mim é o que busca, deixa eu te dizer: não sou tão boa quanto demonstrei e não vou mais corresponder suas expectativas. Não posso ir até além da conta, meu coração não aguenta, a alma arrebenta, não quero ir para o outro lado sabendo que desisti de ser plena.

Aceito o crime de chorar escondida, de por vezes ser fraca e insegura, então venha vida, coloque em meu peito essa kriptonita, não sou essa Rainha das Maravilhas, não sou Superman, nem Mulher-Maravilha. Não posso deixar de lado meus sonhos de menina, não é egoísmo – é semente de amor próprio que vai se esgueirando através da escuridão dessa casa vazia que se tornou a minha vida, depois que as expectativas do outro, eu passei a alimentar.

Vida, vou precisar quebrar seus paradigmas, não posso corresponder as suas expectativas, admito que não consiga fazer tudo sozinha; preciso ser cuidada, amada, não posso cuidar apenas das suas carências, a educadora em mim precisa ser educada, a curadora curada. Mas e esse medo que ainda tenho do futuro? E o que é o futuro senão expectativa minha, uma hipótese ainda, não concreta de algo que ainda não aconteceu. Ah, dane-se o futuro, quero meus presentes bem aqui no presente.

Vida, quero falar do meu medo, quero ler sobre esse medo, medo do que os outros vão achar de mim, e através dessas palavras quero me curar de vez, sem terapia, sem medicina, apenas pelo encanto que traz a consciência para a presença das camadas de aparência que encobrem meu ser - A CONSCIÊNCIA É UMA LUZ QUE PREENCHE OS QUARTOS ESCUROS DA MINHA CASA FEITA DE TIJOLOS DE MEDO - Nem preciso que me diga isso, eu seique sou merecedora de ter prazer, de receber meus presentes, mas quero aprender a praticar essa teoria de querer quebrar esse hábito de ser ingrata de mim mesma. Grata, ingratidão; aprendi a lição.

Grito, vida!!! Grito VIVA!

A vida não me dará outra chance, é por puro esforço, que reforço minha fé em mim mesma que não deixa de ser uma postura egoísta, quase fascista, mas preciso ser individualista para habitar o coletivo de ser mãe, esposa, filha, amante, querida, odiada e todas as faces dessa puta vendida que me tornei ao me vender ao SIM aos outros e ao NÃO a mim mesma. Estou aprendendo a dizer SIM a mim ao dizer NÃO a ti. Não é mais ficção – é apenas a minha vida. Não!!! Mil vezes Não ao SIM forçado, quero ver você me amar quando receber o meu NÃO!

Não! Não estou cuspindo no prato da refeição servida, sei cada valor que possui as idas e vindas da minha lida; só cai numa armadilha e não consigo AINDA sair, pois estou muito ocupada fazendo o que os outros necessitam, mas não posso abdicar de dançar.

Vida, vida, vou viver, vou virar, vou girar, vou falar com a minha Pomba Gira, vou duelar com o meu oposto, só para ter o gosto de voltar a me sentir de bem comigo. Será que isso é pecado? Se for, não quero ser absolvida; desde que eu volte a ter prazer de viver a minha vida.

E se você, Ó Vida, não gostar dessa mudança? Vou precisar dizer a ti, que já não posso existir sem escutar essa canção, a canção do acordar, e você terá que gostar, Ó Vida, pois estou girando, bailando, a doce dança do meu despertar para mim mesma.