Madrugada


Desperto no meio da madrugada, vagarosamente o sono vai esvaindo, e aos poucos a nossa amiga Dona Insônia vai tomando conta do pedaço. O meu cérebro, como sempre incansável, não para de trabalhar. Penso na fidelidade e na provisão do nosso Criador. O homem como sempre um eterno insatisfeito, vagando vai a minha mente numa forma de expandir o negócio das quitinetes.
Já que Morpheus me abandonou, resolvo levantar e esticar um pouco o esqueleto, acendo a luz da varanda, não tem jeito, lá está ele em cima da máquina de lavar roupa, dou um galope, e ele dispara a correr. Coitadinho do bichano, se o dono não cuida dele, tem que arrumar alguma forma de desvencilhar desse frio. Fico irritado com esse pessoal que quer criar animais, mas não zelam deles, se não for para dar o devido cuidado, prefiro não criar. Sedento estou, bebo um pouco de água e volto novamente para minha Alcova.
Novamente fico a pensar, e lembro que ultimamente as leituras dos meus textos tem caído consideravelmente, isso me deixa entristecido, vontade de dar um tempo na escrita, mas no mesmo instante vejo o quanto somos interesseiros, a lei do toma lá dá cá, e uma voz começa a ecoar dentro do meu íntimo, se aquilo que tiver de escrever, depender do retorno das pessoas, tu és o pior dos mortais. Com essa reprimenda, vejo que independentemente do que acontecer, preciso continuar firme no meu foco, e lembro-me daquelas, mesmo que poucas, sentem prazer e me honram com suas preciosas leituras.
Forçosamente procuro cessar meus pensamentos e me aquieto diante daquele silêncio e a percepção aumenta, começo a ouvir alguns sons, o processador do notebook, a sirene da sentinela na rua, o canto do grilo, o roçar do vento nas árvores, o caminhão que passa na estrada, no meu âmago tenho a impressão do ecoar de uma ladainha, ouço também o galo que começa a cantar, vou revendo as pessoas que durante o dia tiveram contato comigo e diante DELE apresento-as, ciente que os desígnios de Deus serão estabelecidos em suas vidas.
Agora parece que Dona Insônia quer ir embora, lembro da minha querida e desejosamente e cheio de paixão, corro até ela e me atiro em seu leito, e assim vai dispersando a madrugada.

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 13/09/2018
Reeditado em 13/09/2018
Código do texto: T6447268
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