Manuel e o Aurélio

Uma das melhores homenagens aos escritores, é quando viram referencias de vocábulo no dicionário. As vezes com citações de poemas e pensamentos de grande valor literário. Certa vez precisei consultar o dicionário, atrás da palavra nuvem. Descobri um belo poema, de cujo autor desconhecia. Francisco Otaviano. “ Quem passou pela vida em branca nuvem/E em plácido repouso adormeceu/Quem não sentiu o frio da desgraça/Quem passou pela vida e não sofreu/ Foi espectro de homem, não foi homem/ só passou pela vida, não viveu”.

Um dia desses deparei-me no dicionário com a palavra TEOFANIA. Trata-se da manifestação de Deus em algum lugar, acontecimento ou pessoa. A palavra vem grifada por Manuel Lobato em seu livro; “ Os Outros São Diferentes.” Pg 99. “Quando a ex mestra tornar-se monja,vira a figura de Samuel em forma de teofania.”

Ler Manuel Lobato é adquirir conhecimentos do vernáculo. É refletir sobre esta confusa, mas agradável arte de viver. Quando fala do interior de Minas Gerais, aguça o meu arraigado saudosismo. Me vejo caminhando nas montanhas e várzeas. Sinto-me o cheiro de terra arada e da poeira da estrada. Sei que saí da roça, mas a roça não saiu de mim. E isso é muito bom.

Lair Estanislau Alves.