Quando chega a hora até o vento dá colo

Ele nunca desistiu de lutar. Cabelos foram se tornando brancos, barretes do tempo foram aguando seus ossos e músculos, a alma foi se impregnando das sapiências que só o farto caminhar pode nutrir. Errou tanto nessa jornada que os erros se travestiram da sua veste mais costumeira. Errou tanto que parecia que as asas do acertar fizeram suas malas e sumiram de vez. Mas mesmo sabendo desse roteiro dizendo presente com todo vigor, algo bem lá do fundo dele dizia para não jogar a toalha e tirar o time de campo. Uma voz mais fina que fio de cabelo berrava aos seus ouvidos: "Tenha alguma paciência a mais, porque Deus está vendo até onde você consegue chegar. O dono do show quer saber se você é digno de ancorar os ares de vitória". Eram certezas assim que quando o chão abria à sua frente e tudo de fazia ruir, ele se frangalhava, virava caco de gente, mas não desistia de vez. Foi assim que se se deu. Pouco a pouco foi surgindo do nada um fiapo de caminho para que desse a volta por cima. Do nada foram aparecendo forças de apoio que se aglutinavam e faziam tudo virar rocha, virar guerreiro imbatível, trazendo sua barca da salvação. Então no coração dele, de repente, começou brotar uma paz que se fazia alastrar pelos confins mais reticentes do seu ser e tudo ficou bem, numa magnitude que nunca tinha experimentado antes. Sabia que a sua hora havia chegado e certeza assim ninguém arranca, ninguém destroça, ninguém assusta, ninguém assopra longe.

Essa não é uma história qualquer, uma retórica qualquer. É a minha história com todas as letras, cheiros, sons, texturas e cores que você é capaz de imaginar.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 21/09/2018
Reeditado em 21/09/2018
Código do texto: T6454944
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