DIAS D’ÁVILA, A CIDADE DAS ÁGUAS E DO RIO IMBASSAÍ.

Dias d’Ávila é uma cidade localizada na região metropolitana de Salvador, dista cerca de cinquenta quilômetros da capital e tem aproximadamente oitenta mil habitantes. É conhecida como CIDADE DAS ÁGUAS por abrigar a maior produção de água mineral do Estado da Bahia, além de outras indústrias que têm como matéria prima a água, a exemplo da indústria de refrigerantes, cerveja etc.. De pequena extensão territorial – cerca de 190 km² -, abriga também parte do Pólo Industrial de Camaçari – Dias d’Ávila (antigo Pólo Petroquímico de Camaçari), um dos maiores parques industriais do mundo. Para se ter uma ideia da capacidade de produção de água mineral, só o polo industrial consome cerca de 800.000 litros de água por hora, durante 24 horas de atividade por dia. Essa água retirada do subsolo daria para abastecer uma cidade de 160.000 habitantes.

Somos então a Cidade das Águas porque “temos água para dar e vender”. O município é todo abastecido com água mineral extraída de poços profundos e aqui costumamos brincar dizendo que só tomamos banho com água mineral. É água mineral para beber, lavar, cozinhar.

O Rio Imbassaí, maior patrimônio material e imaterial do município, tem sua enorme e inestimável importância porque Dias d’Ávila só existe em função dele. Nascemos como uma estância hidromineral onde o atrativo principal era o Rio Imbassaí, com suas águas doces, leves e medicinais. Do ponto de vista de vazão e produção de água o rio não teria condições de atender a sua população. Nos seus cerca de seis quilômetros de extensão, quase a metade do rio está inteiramente poluído a partir do ponto em que entra na cidade e é engolido pelos esgotos primários produzidos pela população. Apenas cerca de vinte por cento desses esgotos é tratado e mal tratado pela EMBASA, empresa que ainda detém o monopólio por meio de concessão de exploração do serviço, dada pelo município, o que hoje já é muito questionada e, se ouvido os anseios do povo não durará muito para ser avocado para si pelo Município, que é o ente federado detentor do privilégio e responsabilidade. Temos em desenvolvimento um projeto de esgotamento sanitário que prevê num prazo de dois a três anos elevar o percentual de esgotos tratados dos atuais vinte para oitenta por cento. Esses esgotos, que hoje correm para os Rios Imbassaí e Jacumirim, serão inteiramente bombeados para a estação de tratamento da CETREL. Assim o Rio Imbassaí, ficará inteiramente limpo, de água potável, e o morador ou visitante que for surpreendido cuspindo nele será exemplarmente punido.

Falamos tudo isso para dizer que, do ponto de vista econômico, numa cidade de característica industrial, um riacho como o Rio Imbassaí não teria a menor importância. Essa importância se dá, primeiro pelo fato de ser um rio, um propulsor de água que é o bem mais importante do nosso planeta. Em segundo lugar pelo seu valor histórico, por ter sido ele a causa da existência da nossa terra, por possuir a água mais leve do Brasil, pelo seu alto poder magnesiano e por tantas outras razões que nos permitiria descrever por horas a fio.

Com tudo isso estamos querendo dizer que a importância de um rio não está vinculada à sua capacidade de fornecimento de água, de produção de peixes, à sua beleza ou extensão territorial. A importância do rio está vinculada à sua história, à vida dos seus ribeirinhos. É por isso que para nós, barranqueiros do Rio Imbassaí, este é o rio mais lindo e mais importante do mundo, mesmo sendo ele tão pequeno que se a nossa população, de forma combinada, resolvesse beber água no seu leito, todos de uma só vez talvez esgotássemos toda a sua água por alguns instantes. Mesmo assim, para nós diasdavilenses, o Imbassaí, em importância e beleza, está acima do Rio São Francisco, do Amazonas, do Reno, do Mississipe, das geleiras do Ártico.

A chegada do Polo Industrial, há 35 anos, e o pensamento imediatista dos governos nos município vizinhos, quase que exterminaram com o Rio Imbassaí, que acudido pelo seu povo, já teve as suas nascentes revitalizadas e corre lindamente, num ruidinho charmoso e adormecedor. Vamos precisar de cerca de doze anos para tê-lo totalmente recuperado das agressões sofridas, mas, com o movimento de conscientização do nosso povo, principalmente as crianças, temos certeza de que nunca mais, nenhum poderoso ousará olhar para ele com desejo de destruição. Ou, certamente, vai sofrer as consequências do seu gesto.

Justino Francisco dos Santos.

Escritos. Em 09 de novembro de 2014.