Eu a barata e o ônibus

Hoje retornando pra casa depois de um passeio, percebo no ônibus uma baratinha andando junto a janela.

Para manter a classe no coletivo, fingi que não estava vendo barata alguma, ainda que por dentro estivesse em pânico (tenho horror a barata).

Enquanto a barata se escondia atrás da cortininha da janela, eu fingia que não ela não existia. De repente, a barata resolveu sair do esconderijo e veio cada vez mais andando em minha direção. Naquele momento eu só pensava naquele bicho voando em cima de mim e se agarrando em meus cabelos ou pulando no meu rosto.

Sem me dar conta, tomei uma atitude!

E quando percebi já havia tirado o sapato do pé e partido pra cima da barata. Lá estava eu dando sapatadas na barata,até que a dita cuja caiu com as pernas pra cima na cadeira do meu assento, sem perder tempo, não pensei duas vezes, levantei e continuei com as sapatadas, agora em cima do banco.

Foi quando de repente, ouvi uma voz que vinha do meu lado:

_ é um bicho?- Era o rapaz que estava sentado ao meu lado, que por

acaso eu nem conhecia.

_É uma barata!- Eu respondi com um sorrisinho amarelo, já colocando o sapato nos pés.

Foi então que eu percebi, que tinha perdido completamente a linha. Ali estava eu verificando onde tinha ido parar o corpo "morto ou fingido" daquela barata. O rapaz resolveu fiscalizar também, na verdade até me pareceu que ele também se sentiu ameaçado com aquele bicho.

Não sei se foi pra me consolar ou não, mas ele me disse que ela não estava mais ali que já havia ido embora.

Eu confirmei (claro com desconfiança, porque não achei o cadáver), mas como a vergonha já tinha extrapolado os limites, concordei e prosseguimos a viagem em silêncio, como se nada tivesse acontecido.

...

Creio que a barata também deve ter prosseguido a viagem conosco, porque ainda não estou convencida da morte dela. Aquela fingida!