ESSE É O MEU CANDIDATO

ESSE É O MEU CANDIDATO

Verdade é que o arrependimento é o primeiro passo que se deve dar na busca da salvação, mas, também é verdade que ele não pode apagar definitivamente o passado vivido no pecado, não pode esconder a verdade a ponto de tornar o arrependido transparente, invisível no que diz respeito ao seu passado que pode ter sido repreensível e sujo.

O passado, como bem diz a filosofia, é a base para a construção do futuro. Não pode ser esquecido e, muito menos, quando esse esquecimento tem o condão de enganar os outros. Ninguém pode ser purificado de uma hora para outra. Antes de qualquer coisa é necessário comprovar o arrependimento pelos pecados cometidos, para que esse ato seja considerado um avanço, uma transformação.

O eleitor precisa estar atento para refletir, remexer, chafurdar a vida dos candidatos antes de externar seu apoio incondicionado que se materializa no voto. É preciso voltar à história e fazer-se questionamentos simples, como por exemplo, os bens do candidato de que forma foram adquiridos; quem eram seus amigos, seus patrões, seus chefes políticos. A história política é fundamental nessa escolha. O candidato a que partidos pertenceu e em que circunstâncias aconteceram as últimas transformações e avanços. Num país como o nosso, onde a fidelidade política é mito e discurso vazio, o comum é encontrar pessoas que se locupletaram em todos os momentos da sua vida política. Gente que sempre esteve ao lado do poder e de repente resolveu renegá-lo, na certeza de que o povo engolirá sua gaiva.

Um pouco mais atrás, alguns políticos do PMDB criaram o PSDB e hoje muitos estão sombreados por legendas de um passado mais coerente como PT, PPS, PV e PC do B. Verdade também que cada partido é hoje apenas um instrumento de troca e negociação, e assim será eternamente se não soubermos filtrar a sujeira que se esconde no seio de cada um deles. Para os políticos, quanto mais ignorantes e displicentes formos, melhor. A evolução política só se dá com a evolução crítica de cada povo.

O prefeito Luiz Caetano, homem de grande sabedoria política, no triênio de 85 a 88, quando esteve pela primeira vez à frente do governo de Camaçari cometeu um grande erro ao abraçar seus inimigos que, ao se filiarem ao PMDB, se tornaram esquerda desde criancinhas. Os mesmos reacionários que havíamos derrotado com enorme sacrifício. Questionado por mim, que era apenas um dos seus discípulos, o nosso prefeito moleque e risonho brincou: “vou lhe dar um livro intitulado As Alianças”. Até hoje não descobri se o livro existe ou se foi uma forma gentil de Caetano dizer que o problema estava comigo e não com seus aliados.

O resultado daquela aliança todo mundo viu que foi catastrófico. Hoje estou certo de que Caetano sabe que cometeu um grave erro, embora tenha certeza de que foi também um bom ensinamento. - Meu saudoso amigo e conterrâneo de Dias d’Ávila, Manoel Cosme, costumava dizer na sua sábia simplicidade: “Quem poupa seus inimigos morre nos braços deles”. –

E parece coisa lógica, como na teoria de Fourier de que tudo no mundo obedece a uma relação cíclica. De quatro em quatro anos voltamos nós a enfrentar os mesmos problemas, mesmo que os candidatos não sejam todos os mesmos. A escola parece ser.

Esperamos novas propostas, projetos, inovações, melhorias para nossas cidades e eis que eles gastam todo o seu tempo falando de estatísticas que já são do domínio de todos, ou agridem-se uns aos outros para que pensemos que as diferenças entre eles são notórias, quando na verdade não são. Numa análise mais simples parecem todos iguais.

Bem possível é que não tenhamos mesmo nenhum candidato novo, limpo, de passado escorreito. Difícil não, praticamente impossível, ou não seria político brasileiro. É aí que precisamos ser ainda mais sábios e bem prudentes para escolher o menos ruim.

Pior de tudo é que não falamos de ninguém em particular. Esse é o retrato do Brasil das eleições, que ainda estão longe e já nos deixam tristes e muito preocupados.

Justino Francisco dos Santos

19/01/2012.

Justino Francisco
Enviado por Justino Francisco em 23/09/2018
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