XXXVI - 30 Horas na África

Há pouco tempo a Mochileira Tupiniquim foi ao lançamento do livro de um amigo africano fazendo intercâmbio na Universidade aqui no Brasil. Como parte da cerimônia festiva e muito vibrante, houve um momento artístico antecedendo a Sessão de Autógrafos com poemas e intervenções emocionantes. O fato fez a Mochileira lembrar-se de suas três visitas inusitadas ao continente africano...

Infelizmente, em nenhuma das três ocasiões a Mochileira Tupiniquim teve a oportunidade de ver as belezas da África, mais precisamente da África do Sul o mesmo país nas três citadas visitas. Que mistério é este? Pelo título da crônica pode-se imaginar que ela ficou um total de 30 horas na África do Sul, o que não é muita coisa... mas e daí, numa viagem anterior à Itália ela passou somente 14 horas em Veneza e pôde passear de montão e ver 1001 maravilhas!

Por que então não viu NADA na África do Sul? Bem, nada, não é exatamente o termo, a Mochileira “passeou” bastante nestas 30 horas divididas em três vezes pelo aeroporto de Johannesburg (entre 1999 e 2002)... Ah, agora dá para perceber que as tais visitas não passaram de escalas nos voos que a Mochileira Tupiniquim fez em suas idas e vindas à Austrália. Uma pena mesmo ela não ter podido fazer alguns city tours por Johannesburg, por menos que aproveitasse seria sempre melhor do que ver apenas um aeroporto.

Mas e no aeroporto, sua única experiência africana, o que ela fez? Podre de cansada e carregando malas e mochila... não muito. Porém, viu vitrines de lojas com produtos de vários países africanos, uma livraria onde chegou a comprar alguns livros, lanchonetes, telefones públicos que usou para fazer ligações a cobrar para sua mãe no Brasil... Algo, no entanto, chamou-lhe atenção. Uma ampla sala com vista para a pista de pouso dos aviões, com paredes envidraçadas, com a porta fechada mas não trancada. Curiosa, ela abriu a porta e entrou. Havia apenas umas três pessoas, todos homens. Para não revelar que sentiu-se meio constrangida, deu uma caminhada até o janelão, mirou alguns aviões pousados na pista e logo voltou-se para a saída. Uma vez fora da sala, procurou explicação numa plaquinha que não havia visto antes: Smoking Room! Ah, uma sala para fumantes. Ainda bem que eram poucos!!!

No mais a Mochileira Tupiniquim conheceu ainda os banheiros femininos, fez alguma troca de dólares por Rands em cujas notas e moedas admirou os animais símbolos do país. Ah, e conseguiu bater breves papos com habitantes locais que trabalhavam no aeroporto, não insistiu muito, pois o sotaque do inglês era muito diferente do que estava acostumada e a comunicação era meio frustrante.

Resumindo, esse foi todo o “safari africano” da Mochileira Tupiniquim até hoje... um aperitivo assim deixa uma vontade enorme de provar o prato principal, ou seja, as verdadeiras paisagens únicas da África! Um sonho que ela ainda cultiva. E foi contando esta história para uma universitária africana na fila para os autógrafos de seu amigo escritor angolano que a Mochileira foi incentivada por ela a relatar esta aventura de um passarinho preso numa gaiola, quer dizer, num aeroporto!