Confissões de uma morta viva, lembranças das primeiras vezes.

Sendo uma quase morta, restam apenas as recordações como companhia. Lembro de minhas primeiras vezes, foram em sua maioria com ele, meu grande e único amor. Nosso primeiro abraço, aquele gosto refrescante de uma nova paixão, uma sensação que todos sabem, ser maravilhosa. Nosso primeiro beijo, naquele instante soube, que não era mas apenas eu beijando alguém, eramos nós, juntos, construindo uma história. Muitos beijos seguiram aquele, beijos que há muito já me esqueci, mas aquele foi certamente memorável. Nossa primeira noite, eu estava tão nervosa, ninguém antes conversara comigo sobre esse momento, não tive como me preparar, respirar, mas não tinha medo algum, sabia que tudo com ele seria incrível, e foi...

Nossa primeira grande briga, pensei que tudo iria acabar, meu coração batia tão forte, minha cabeça não conseguia pensar em nada, tudo era dor, e as lágrimas escorriam, sem que nada pudesse fazer, mas assim como a tempestade veio, passou e a calmaria voltou.

Nossa primeira mudança, éramos tão jovens quando fomos morar sozinhos, já estávamos noivos e tudo era excitante, sentíamos que o mundo era nosso, foi quase como estar em um filme, exceto que na hora na mudança, tivemos muita ajuda, então não estávamos sozinhos.

Nossa primeira lua de mel, foi como renovar os votos que fizemos quando nos conhecemos, de nossas almas pertencerem uma a outra, nossos corpos se unirem, até encontrarmos transcendência, um lembrete de que ainda sentimos as mesmas coisas.

Nossa primeira filha, foi o momento mais inexplicavelmente lindo de nossas vidas, a vida que cresceu em meu ventre, estava ali, tão frágil e pequena, mas seu coração batia forte, com sede de vida e amor, nasceu com os olhos dele, grandes amendoados e gentis.

Quando recordo de todas essas lembranças, me sinto jovem novamente,com aquele medo genuíno de uma jovem adulta, com um coração cheio de sonhos e planos. Fico por aqui, enquanto a morte não vem me buscar, a contar minhas histórias, para quem tiver a paciência de ouvir ou ler.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 27/09/2018
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