Um dia atípico
 
Lá estava eu, na minha doce alcova, sappeando com o Jefinho, quando subitamente ouço: acode-me, acode-me, acode-me. Saio em disparada, vejo aquela sôfrega alma, agonizando com o corte que fizera na mão. O sangue jorrava tanto, a impressão era que a artéria principal tinha sido cortada. Agoniado fiquei ao ver tanto sangue, e mesmo desnudo, os dentes sem escovar, tratei de levar imediatamente aquela vítima na clínica. Passado uma hora, lá estava ela de volta, pronta para outra, apesar do susto, a artéria principal não tinha sido danificada.
Para refazer-se do susto, resolvi fazer uma caminhada pela praia, o sol estava a pique, a maré bem baixinha e o mar estava divinamente esplêndido. Pensando no episódio que tinha acabado de acontecer, só de ver aquele sangue caindo por toda a casa, acabou me deixando abatido e cheio de compaixão. Como pode existir uma criatura, que não se conformando em apenas matar, tem a crueldade de esquartejar sua vítima. Sei que não sou perfeito, sinceramente nem sei se herdarei a dádiva suprema, todavia o mundo seria bem melhor, se todos os corações pudessem experimentar esse sentimento de compaixão que estou vivenciando.
O mar estava tremendamente delicioso, fui caminhando, brincando com as marés que iam se desmanchando. Logo em frente presencio dois pescadores, refazendo suas forças, para empurrar o barco.  Aproximo ofereço ajuda, eles solicitamente aceitam, e colocamos o barco fora do alcance das marés. Prossigo minha caminhada, até que chego no marco dos cinco quilômetros. É hora de retornar, e agora volto correndo. O verão vai chegando, e com ele as mulheres para dar um pouco mais de brilho na praia.
Minha corrida acaba, infelizmente agora, não tem mais aquele precioso suco de acerola, resolvi podar o pé e mirrado ele ficou. Mas não tem problema, mato minha sede com o precioso líquido e para abaixar a temperatura do corpo, escondo-me debaixo da ducha e ali fico um bom tempo. Seco-me e agora não resisto à redinha, caio de supetão nela e ali fico refrigerando-me com a brisa que toca minha face.
A vida seria tão encantadora, se fosse vivida na sua simplicidade, infelizmente o homem acaba complicando tudo.

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 29/09/2018
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