A busca pela perfeição

Não entendo essa busca incessante pela perfeição. É uma busca cansativa e perigosa. Seja a busca por que perfeição for. Pela estética, pela saúde, pelo amor. O emprego tem que ser perfeito, a casa tem que ser perfeita, os filhos têm que ser perfeitos, o marido então nem se fala. Se o casamento não for perfeito, não é um bom casamento. E ainda dizem que aquela história de acreditar em príncipe encantado é coisa do passado.

Acho que buscamos a perfeição porque acreditamos piamente que ela nos trará a felicidade. Acreditamos que com ela seremos eternamente felizes. Mas a verdade é que perdemos um enorme tempo tentando alcançar essa perfeição. As mulheres então, nem se fala. Horas no cabeleleiro só para fazer um leve balaiage. A indústria da estética, claro, agradece. Mas, enquanto isso, a vida vai passando. E vamos nos afastando do melhor dela, que é errar.

Não faço apologia do erro, não me entenda mal. Pelo contrário. Apenas acredito que seremos mais completos quando conhecermos todas as nossas possibilidades, todos os nossos limites. A busca pela perfeição nos mascara, nos faz viver em uma falsa realidade. Nos afasta daquilo que somos, daquilo que sentimos e desejamos. Errar não é algo ruim, negativo. É algo que nos engradece. Errar nos humaniza. Porque tanto medo disso?

Querendo ou não o erro faz parte da vida. Da minha vida. Da sua vida. Quando começamos a andar de bicicleta, erramos, caímos e nos machucamos. Faz parte. Teorizar sobre a melhor maneira de andar de bicicleta nunca nos faria subir em uma e pedalar por aí. Sentir o vento, a chuva, o sol. Sentir a dor de ralar um joelho depois de descer uma montanha sinuosa. Isso é felicidade.

A perfeição não traz felicidade. É sentir a felicidade que nos faz perfeitos.