BARRO ESPECIAL
É, às vezes quebramos a cara, mesmo. Se bobear, quebramos até os ossos.
Quebramos tantas regras, tantas portas, muitas entradas, poucas saídas.
Quebramos as amarras, soltamos as cordas e de quebra colocamos nossa boca no mundo.
Quebramos tantas ideias fictícias de felicidade e muitas vezes até quebramos a felicidade verdadeira, porque de tanto nos quebrarem, ficou quebrado a nossa capacidade de discernir.
E quando estamos por cima, aí que quebramos tudo de verdade! E se estamos por baixo, consertamos, colamos e começamos de novo.
Ali na esquina da nossa vida, às vezes conseguimos enxergar as cicatrizes das quebras, a ranhura da cola, as marcas dos constantes consertos.
Mas como somos duras na quebra, nos mantemos eretas como novas, porque como já se disse, “vaso ruim não quebra”; e costumamos ser vaso feito de barro especial, àquele misturado à várias quebras, alguns estilhaços , muitos consertos; inúmeras avarias e grande resiliência.