BARRO ESPECIAL

É, às vezes quebramos a cara, mesmo. Se bobear, quebramos até os ossos.

Quebramos tantas regras, tantas portas, muitas entradas, poucas saídas.

Quebramos as amarras, soltamos as cordas e de quebra colocamos nossa boca no mundo.

Quebramos tantas ideias fictícias de felicidade e muitas vezes até quebramos a felicidade verdadeira, porque de tanto nos quebrarem, ficou quebrado a nossa capacidade de discernir.

E quando estamos por cima, aí que quebramos tudo de verdade! E se estamos por baixo, consertamos, colamos e começamos de novo.

Ali na esquina da nossa vida, às vezes conseguimos enxergar as cicatrizes das quebras, a ranhura da cola, as marcas dos constantes consertos.

Mas como somos duras na quebra, nos mantemos eretas como novas, porque como já se disse, “vaso ruim não quebra”; e costumamos ser vaso feito de barro especial, àquele misturado à várias quebras, alguns estilhaços , muitos consertos; inúmeras avarias e grande resiliência.

Angela Gasparetto
Enviado por Angela Gasparetto em 02/10/2018
Reeditado em 02/10/2018
Código do texto: T6465684
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