Rei da zoeira

Muito já se falou e retratou sobre o Juízo Final.

Agora imagine um final sem juízo.

Onde as coisas aconteçam na maior zona, numa anarquia insana, despenteada.

Um final dos tempos fora do roteiro, do contexto, totalmente liberto das regras e protocolos.

A apoteose desembestada, em que as partes, tresloucadas, metam os pés pelas mãos, salivando uma loucura desgarrada de quaisquer vestígios de sensatez ou lógica.

Um final meio glauberrocheano, na linha do teatro do absurdo, onde seus protagonistas só façam estrear critérios mancos, vigorando as asas da loucura no mais agudo tom.

Nesse cenário de primatas, desordenadamente organizado, Deus abriria o papel de mandatário do bem e do mal para assumir uma postura mentecapta, virando o maestro do caos.

Trocaria aquela figura centrada, coesa, para se tornar o mentor da bagunça instituída.

O Rei da Zoeira no seu mais hemorrágico gozo.

Então nós. pobres mortais, deixaremos de receber o carimbo de condenado ou perdoado para nos tornarmos almas mambembes, vagando pela eternidade numa embriaguez sórdida, descabida, maravilhosamente desalforriada.

Receberemos nosso alvará de soltura e cairemos na folia até sempre.

Deliciosamente entorpecidos pelos gomos desatinados da liberdade.

Que maravilha seria, brother.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 07/10/2018
Reeditado em 10/10/2018
Código do texto: T6469691
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