MULHER É UM BICHO COMPLICADO

Júlia me disse que estava sem roupa.

Hein?!!! Do banheiro estiquei o pescoço para “avaliar” melhor a situação.

“Ela estaria de fato nua, como veio ao mundo.” Ou, “Ela não estaria encontrando a peça de roupa certa na gaveta de seu armário.” Ou, “Ela estaria insinuando um profundo desejo… de comprar umas roupinhas.”

— Chega! Vamos na Zépa. — Disse Júlia de supetão com um olhar fulminante.

Como eu temia, naquele momento ela queria emoções fortes… ir às compras.

Destino: centro de São Paulo, no sentido da Rua José Paulino, onde a mulherada se esbalda e os homens se ferram carregando suas sacolas.

Fui de boa, afinal queremos mesmo é vestir as mulheres… para despi-las depois. Que não nos ouçam, é claro. Mas valha-me Deus! Que alguém me explique porque tanta complicação para se vestir. Elas possuem roupas para todos os momentos, todas as cores, e NUNCA nada lhes serve. Estão sempre apertadas demais, ou largas demais, ou bregas demais, ou marcam demais. Suas gavetas têm centenas de calças, tops, bermudas, leggings, shorts, e as tais blusas… que nós homens chamamos de camisetas. .

Minha única certeza naquele momento; aquela era a sua loja preferida.

— Zé, olha para mim, esta saia está muito transparente?

Antes que eu proferisse a primeira sílaba ela já havia atirado a peça longe, numa daquelas bancadas repletas de peças remexidas.

Júlia tem uma compulsão por experimentar tudo e as atendentes uma repulsa por quem faz isso, afinal vai contra as normas da loja.

Mesmo assim, esconde-se nos cantos, experimenta tudo e toma bronca, a todo momento.

— Tem M? E a moça da loja dispara que para ela… melhor é o G.

Pronto! É o fim. Diz que está gorda e quer morrer. — Sobra para quem?

— Tá vendo, Zé? (praguejando) — depois você diz que bisteca não engorda.

Decidido! Vou virar vegana!!!

Até hoje não entendo porque elas se entopem com tanta roupa.

Sempre digo que somos privilegiados: cueca, calça, camisa, meias e um par de tênis. Fechou! Nada pra complicar.

Mas elas, ainda assim nos culpam por complicarmos tudo e por sermos matutos esbanjadores por natureza.

— Pronto? Pergunto então se ela se decidiu, e quais das 50 comprará.

— Calma, Zé! Por que a pressa? Segure esta aqui. E esta outra, e mais esta…

Depois de uma hora e meia dentro da loja e quilômetros de corredores percorridos ela estanca com os olhos esbugalhados ante o total da compra.

— Quê? Ah, não! Muito caro. Vou levar apenas esta blusinha. E ainda pede desconto. A chinesa, dona da loja, faz de conta que não entende português e passa o cartão, pedindo a senha.

A mulherada é osso mesmo. Nos fere de morte nesses momentos, mas compensam em carinho nos demais. Tonto sou eu por acreditar que ela vai se regenerar.

Numa próxima, talvez eu diga o que sinto: “Você ficou uma graça naquela pecinha transparente.” Ou, “Leva sim, tem a sua carinha.” Ou, “Quer saber? Para que tanto pano, você fica bem mais sexy… sem nada disso.”