Mãos Sem Fronteiras — Pela Paz
 

No comecinho deste ano conheci o Movimento "Mãos Sem Fronteiras". Foi por meio deste Movimento que chegou também ao Colégio onde trabalho a Meditação para crianças: uma técnica de simplicidade surpreendente, que ensina as crianças a “cheirar uma florzinha” e “apagar uma velinha”, e nada mais é que o ensinamento dos movimentos naturais da respiração com a finalidade de promover o equilíbrio, a calma, a paz e o bem-estar.

E criança aprende a meditar? Aprende. É possível fazer com que os pequeninos fiquem quietinhos por alguns minutos, ao som de uma musiquinha calma e relaxante? É possível, eles ficam. Todos os dias, desde que o projeto foi implantado, por cinco minutos, as crianças já convidam: “Tia, vamos meditar agora?”. Sim, as crianças meditam — e gostam! Um aplicativo no celular e a orientação da professora são as ferramentas necessárias. Aspirando a florzinha e apagando a velinha as crianças vão respirando, fechando os olhinhos, alcançando os bens do relaxamento. Aos poucos vão se acalmando e um silêncio incomum se faz... Crianças tranquilas e em silêncio... Quase incrível, mas perfeitamente possível.

Crianças  pura energia, agitadas e barulhentas por natureza, mas são capazes sim de parar e meditar... Quem não acreditava já mudou de ideia. E é sempre uma emoção, passar pelas janelas das salas e ver o clima de paz reinante: música suave no ar, atmosfera de repouso meditativo, promovendo a paz de espírito. Faço meditação diariamente, sempre acreditei nos benefícios que isso me traz, para aprender o exercício da paz. Com crianças de dois a cinco anos é ainda mais bonito, e paz não tem idade: quanto mais cedo, melhor! São sementes que vão frutificar, se multiplicar, e só por isso já terá valido a pena.

Um dos princípios da Meditação diz que quando se está em paz o mundo fica em paz. Não há erro. A paz interior é contagiante. Além de nos inundar e fortalecer, ela tem o poder de tocar quem esteja à volta. A ideia é justamente esta: uma corrente pacífica que acalme mentes e corações tão atingidos pelo estresse e pressão da vida moderna, concorrendo assim para a construção de um mundo melhor. Utopia? Palavras vãs? Não são. Quem não sonha com um mundo assim para si e para aqueles a quem ama?

A ferramenta da paz, tão simples e poderosa está ao alcance de todos: por que não ensiná-la às crianças? Certamente teremos adultos menos propensos à guerra — ainda que a guerra seja necessária no seu sentido mais bonito: o de sairmos da nossa zona de conforto e partirmos para a conquista de nossos direitos e melhores condições de vida, porque esta, também, é uma luta eternamente necessária. Mas até essa guerra precisa de seres formados pela paz.

Então, o que ensinar às nossas crianças? O que toda escola, toda família e todo adulto consciente deveriam ensinar: viver pela paz, por um mundo mais fraterno, solidário e humano — e sem armas — nem as de brinquedo, pois arma nunca foi lúdico e nunca será. Vamos ensinar, sim, nossas crianças a serem mais pacíficas, para que o amanhã possa nos devolvê-las com flores nas mãos. Tenho a impressão de que é isso que deveria ser natural. Se não for, tem alguma coisa muito errada aí...