Do coração: o Sofrimento e Eu.

"Deixe me! Nada funcionará! O que queres de mim?" Ouço muitas pessoas dizerem isto atualmente. Os olhos ficam turvos e os ouvidos moucos devido ao fato excepcional trabalho deste bendito maldito. Este, dentre todos os estados da vida, é o maior dos trabalhadores. Sempre buscando a quem oferecer suas propriedades e envolver os acolhedores com ásperos e azedos abraços. Outrora o Sofrimento eu acolhi. Experimentei sua terrível textura, mas a abordagem desse bendito maldito foi inusitada. Descobri que sofria porque outros sofriam. Refleti sobre a dor e a contemplei. Ex corde suffero. Todo meu ser envolvido. Por que tão vasto sofrer abraça o mundo? Completo as dores da humanidade, uma vez remida, em minha carne, mas calvário da minha vida, se foi sangrento, foi um ralado de criança. Entretanto, justamente porque sou criança, que a Inocência se aproxima e, suavemente, como o vento beijando as plantas cheias de orvalho pela manhã, diz: tudo passa, meu filho.

Daniel Saldanha
Enviado por Daniel Saldanha em 03/11/2018
Reeditado em 03/11/2018
Código do texto: T6493512
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