SONHO IRREAL

Era difícil para aquela senhora madura entender que não poderia sonhar com tudo aquilo.

A vida tinha lhe dado tudo que precisara para viver bem e com dignidade até aquele momento. Mas, ao conhecer o Carlos, sentia que algo estranho estava acontecendo no seu íntimo. Com certeza, era mais um sonho que estava nascendo em sua cabeça criativa, que adorava criar situações inusitadas na área romântica.

Ele, um robusto mancebo, não estava inteirado do que acontecia com aquela amável senhora.

Estava ali apenas para realizar as tarefas que fora agendadas e que lhe renderia algum dinheiro, tão necessário para que pudesse pagar a mesada para os dois filhos, que estavam na adolescência e que lhe eram tão queridos.

Foram poucos dias de convivência e já se tornaram muito amigos. Tomavam café juntos, almoçavam juntos, lanchavam juntos e até rolava, no final da tarde, um Happy Hour, com direito a cerveja gelada, acompanhada de petiscos. Tudo era muito lindo.

O coração daquela feliz senhora, há muito não se apaixonava e aqueles encontros lhe rendia prazeres que há muito não sentia, desde algumas décadas. Ela era assim, se apaixonava por tudo que lhe alegrasse a vida: amigos, musicais, passeios, viagens, animais, plantas, etc, etc, etc.

Há alguns anos, enviuvara, e essa condição lhe permitia, costurar uma boa conversa sobre os acontecimentos atuais, entre um café e outro.

Só o simples fato de pensar nele, sua fisionomia se transformava. Seu pensamento voava nas asas da imaginação e logo se via sendo protagonista de um lindo caso de amor. Caso que sabia, jamais se concretizaria, por motivos por demais óbvios.

Desde o começo, se tornaram amigos nas redes sociais, o que já lhes conferia um contato diário com as constantes trocas de mensagens. Discretas, é lógico, porque, não tinham afinidade para ousar dar um passo maior do que permitia a amizade.

O tempo foi passando e aqueles momentos iam se tornando um elixir vital para aquela agradável senhora, que trocara a nefasta solidão pelos poucos e alegres minutos diários, que lhe rendiam horas e horas de devaneios como se na realidade, a partir dali,a vida fluísse com força devastadora, sem que tivesse de se preocupar com qualquer censura exterior, afinal, todo aquele processo era vivido intimamente, sem interferência sequer, do adorável rapaz.

Essa extraordinária personagem de sentimento sonhador, que lhe era bem peculiar, sentia que a vida ia sendo desenhada, conforme ela imaginava, com nuances coloridas, suaves e repletas de devaneios, e não importava se duraria ou se acabaria como um vento de verão, rápido e quente. O que importava de verdade, era o momento extasiante que lhe enchia o coração de calor e por que não dizer, de paixão.

Nevinha
Enviado por Nevinha em 03/11/2018
Reeditado em 24/08/2019
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