Historias da Vila - Ajax Futebol Clube

Histórias da Vila

AJAX FUTEBOL CLUBE

Em uma época que não havia internet e mídias sociais, as possibilidades de entretenimentos eram muitos escassos, principalmente para crianças e adolescentes, era necessário inventar algo para passar o tempo, e o que havia de sobra era tempo e liberdade para buscar estas diversões, e isto era feito geralmente nas ruas e lotes vagos. Nas ruas geralmente eram brincadeiras que envolviam meninos e meninas, brincadeiras como Queimadas, rouba bandeira, garrafão, tico tico queimado , mamãe da rua e outras, ali se brincavam até o sol se por ou a mãe ir buscar, geralmente com um pé de chinelo na mão, como o futebol estava impregnado na vida do brasileiro, na vila não era diferente, assim os meninos buscavam nos lotes vagos os espaços necessários para realizarem suas partidas. Primeiro derrubavam o mato e capinava o local, colocavam duas pedras marcando o gol e assim nascia um campinho.

Na vila o primeiro campinho que se tem noticia, era o da Armel, uma empresa que era localizada ao arredor da vila, durante a semana a criançada reinava ali, más aos sábados e domingos o campo era dos adultos, onde se disputavam acirradas partidas, muitas delas às vezes terminando em confusão. O futebol também era praticado pelas crianças em vários outros locais, que não tinha como definição ser um Campo, Como a Rua Araruana, perto da mercearia do “Seu” Zico, ali se praticavam também outras brincadeiras e os adultos disputavam grandes partidas de Malha, na Rua Herculano Pena havia um lote escorrido que a criançada transformou em campinho também.

Com o fechamento da Armel e consequente venda do imóvel, o novo comprador cercou o terreno, acabando assim com o campinho, más em pouco tempo a criançada tratou de arrumar um outro local, assim no caminho que se levava até a bica, nasceu o campinho de baixo e em pouco tempo os adultos passaram a frequentar o local e mais uma vez os construtores não puderam jogar aos sábados e domingos, más durante a semana o campo eram só deles.

Estes campos além de ser um local de diversão. Era um local de extravasamento de energias, de encontro para um bate papo, era também um local que tinha sua importância econômica, pois ali se vendia de tudo, laranja descascada, copo de kisuco gelado ( feitos em latas de manteiga de 20 litros e geralmente era servido em um copo de vidro lagoinha para trinta ou mais pessoas sem lavar) , cachaça, cigarros e outros tipos de mercadorias.

Destes encontros e união nasceu o primeiro time que se chamavam Palmeirinhas, time este que era liderado pelo seu Antônio Corrêa, e que depois de algum tempo fechou suas portas, e no vazio que se instalou, alguns jogadores se reuniram e fundaram o Ajax Futebol Clube, e após algumas partidas levaram à sua Presidência A Dona Vitoria, esposa do Sr. Vitor, que tinha um bar na Rua Itaperapecó, com a posse da nova presidente o Ajax e o futebol da vila viveu seus maiores dias de gloria, tornando assim a principal diversão do local durante uns bons tempos, hoje já não existe mais nenhum campinho e em consequência, nossas crianças vivem aprisionadas na redes e nas suas casas.

Charles Vagner