UM ACIDENTE INUSITADO

Guarapari não estava num dia muito agradável, o céu estava carregado e o mar agitado mas não chovia embora a temperatura estivesse por volta dos 28 graus o que deixava o ambiente pesado e até sufocante. Estávamos na loja. Na rua havia pouca gente pois além de ser segunda feira o clima não convidava a ninguém sair de casa e nós tínhamos que achar ocupação já que não tinha clientes para atender, as lojas vizinhas também estavam fazendo serviços internos como limpeza ou arrumação do estoque. Solange estava na área de atendimento da loja fazendo seus artesanatos utilizando a cola quente sentada num banco alto e a pistola de cola quente ligada na tomada, eu me encontrava na parte superior da loja montando peças de acrílico sobre base de madeira completamente alheio a tudo e como não estava fazendo nenhum esforço minha respiração era boa e estava bastante tranquilo, vez por outra o silencio era cortado por um carro ou ônibus que passavam na avenida ou eventualmente pelo barulho das ondas e do mar agitado. De repente quebrando esse ambiente de paz e tranquilidade escutei um Uiii, grito abafado e o som de uma cadeira caindo e a seguir silencio total, gritei Solange pelo nome e ainda perguntei tudo bem? Nenhuma resposta. O pulo que eu dei foi imediato esquecendo meu enfisema corri e desci a escada em dois lances. Solange estava estendida no chão sem se mexer porem com os olhos abertos, não falava nada, mas olhava para mim com olhar desesperado já que nessas alturas eu não conseguia nem sair do lugar por falta de ar, sufocado pela excesso que eu tinha feito. Conclusão: Solange no chão sem poder se levantar procurando desesperadamente nos bolsos a bombinha de salbutamol para me dar e eu olhando esse desespero dela sem poder fazer nada pois a falta de ar me imobilizou e tudo que conseguia fazer era procurar ar por todos os lados, além de pensar em Solange e o que poderia ter-lhe acontecido pois ela não conseguia se levantar. Gritei por Socorro mas ninguém ouvia pois não tinha ninguém perto e também nessas alturas minha voz não era tão forte assim. Passados alguns minutos Solange conseguiu se equilibrar. Com ela em pé, tudo foi se arrumando e após inalar o bronco dilatador que estava no seu bolso a minha respiração foi se normalizando. Felizmente tudo não passou de um belo susto causado por um curto circuito na pistola de cola quente que deu um estouro ela assustou e jogou o corpo para trás desequilibrando o tamborete e caindo no chão.