O PIT STOP DO PAÇOCA

Para ele, aquela tarde poderia ser como tantas outras, mas resolveu entrar na loja de conveniências, e foi aí que tudo começou…

— GRAAANDE MILTÃO!

— Hein?

— Milton Schmidt!

— Sim!! Você me conhece?

— Como poderia esquecer este rosto e estas duas bolotas azuis sob as sobrancelhas?

— PAÇOCA? CARLINHOS PAÇOCA?!!!

— Eu mesmo!!! Em carne e osso, ou melhor, bem mais gordura do que osso!!!

— Tá de brincadeira! Fizemos o 1º ano ginasial no Colégio Estadual Antonio Maria Pimenta de Oliveira, em Governador Mourão.

— Exato! Eu ia na sua casa pra fazer trabalho de física e até hoje tenho saudades dos bolos que a Maria, sua empregada, trazia pra gente comer. Que delícia!!!

— Os bolos?

— Beeem, a Maria era bem melhor que os bolos! Kkkk!

— Conta aí, você pegou a Maria ou não pegou? Ela se derretia toda por você.

— Bem, naquela época eu era inocentão, mas convidei a Maria para ir ao cinema comigo para assistir “Krakatoa, o inferno de Java”, o filme da moda.

— E aí? Ela gostou do filme?

— Que filme?!!!

— kkkkkkkkk!!!!

— Na verdade não consegui chegar a tempo para o filme, fizemos o trajeto todo a pé e paramos algumas vezes nos boxes, para abastecimento. Eheheh!

— Ah vá!

— Sério, no caminho para o cinema, a cada 10 metros a gente parava pra se beijar e nem sei quantos pit stops fizemos. Só sei que sinto até hoje o sabor dos beijos da Maria, ela tinha um bocão e…que bocão! Foi, na verdade, minha primeira dúzia de beijos!

E você, Miltão? Lembro de sua paixão por uma garota da nossa sala; uma japinha. Afinal, pegou ou não pegou a danada?

— Nem te conto, seu nome era Mayumi Suzuki Ogawa, linda que só ela. Como muitas japinhas era caladinha, caladinha. Ela mexia comigo, e como mexia…

— Lembro que você fazia trabalhos em dupla com ela.

— Isso! Eu sei que descobri o porquê de ela ser tão caladinha.

— Não me diga, era tímida?

— Antes fosse, na verdade… ela tinha um bafo do capeta! Bafo de fazer gambá tapar o nariz!

— Nossa! E era tão gatinha, tão bonitinha! Mas não rolou nadica de nada?

— Nada!! Até bala de menta eu ofereci a ela, e aos quilos, aquelas que parecem Pinho Sol, mas a danada dizia que odiava menta, hortelã e coisas do tipo. GRRRRR!

— Ahahah! Confesso que tive mais sorte com a Maria. Vez ou outra notava um certo CC, mas aquela boca… me fazia esquecer não só o CC mas o abecedário todo!!!

E ela? Por onde anda?

— A Maria?

— Isso, a Maria bocão!!! A Maria da minha primeira dúzia de beijos! Êita!!!

— Ah!!!! Me casei com ela, pera aí que vou chama-la aqui. Maria! Ô Maria!!!

E quando Milton Schmidt ia voltando com a mulher…

— Venha cá, Maria, veja quem eu reencontr… Ué! Cadê o Paçoca?!!

Sumiu!! Tava aqui agorinha mesmo, deve ter tido algum problema!!!

— É, amor! Vai ver que sim. EEEEE Paçoca!