Escolhas

Uma das coisas que mais me intrigam é: porque as pessoas são o que são? Será que realmente existe essa força estranha, alheia a nossa vontade, chamada destino? Será que somos mesmo o resultado de nossas escolhas? E como acontecem essas escolhas? O ambiente onde vivemos nos influencia? Nascemos predestinados? Eu realmente não sei!

Dias atrás, estava pensando sobre o que teria me levado a ser professora. Não lembro quando tudo começou, mas sei que foi bem cedo. Desde criança alimentei uma admiração enorme pelos meus professores. Eu não tinha professores prediletos, mas cada um me chamava a atenção por algum aspecto. Alguns eram carinhosos, outros cheirosos...alguns eram viajados, outros eram uma “viagem”; alguns eram metódicos, outros desalinhados; algumas pareciam princesas, outros eram sapos. E assim cada um foi passando e deixando sua marca na vida da gente – ou, pelo menos, na minha.

Acho que foi dessa admiração toda que ele surgiu: o sonho de ser professora. Quando estava ainda no primário, ganhei um quadro de giz. Aquilo me encantou...eu poderia escrever no quadro igual minha professora. E assim aconteceu: eu escrevia, apagava, fazia de conta que dava aulas, escrevia, apagava, escrevia, apagava...

No ginásio, as coisas evoluíram: sempre que havia provas, nós nos reuníamos em grupos e eu explicava toda a matéria para a meninada da sala. Foi nessa época que meu rótulo de CDF surgiu e ainda não me desgrudou.

Quando fui para o Ensino Médio, mudei de cidade e foi um período difícil de adaptação. Minha mãe, que fazia Pedagogia naquela época, começou a dar aulas e eu comecei a ver que a vida de professora não era nada parecida com um conto de fadas. Finais de semana recheados de aulas para preparar, provas para corrigir...dias irritadiços...

Meus pais começaram a me alertar sobre os “riscos” de ser professora e foi aí que os pensamentos se embolaram num nó sem começo nem fim. O que fazer? Afinal de contas, era meu dever saber, aos 16 anos, qual carreira seguir. Todos os meus amigos já tinham decidido sobre isso!

Apesar de todos os ventos contrários, tinha uma voz dentro de mim que assoviava: não desista do seu sonho! Vai lá e seja uma grande mestra! Eles não sabem o que dizem! E assim eu a segui. Não sei se fiz uma boa escolha ou se “fui escolhida” adequadamente, mas me tornei aquilo que sempre quis.

Trabalhar com um produto tão rico e delicado, o ser humano em formação, tem suas recompensas e limitações. E você, como se tornou o que é?

Vaniele Luz
Enviado por Vaniele Luz em 14/11/2018
Código do texto: T6502862
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.