Relação de ódio.

Estava eu num ônibus e na minha frente vinha um casal onde a infelicidade transbordava claramente entre os dois, notava-se que ali havia tudo menos amor, mas os dois insistiam naquela história que parecia mais um circo de horrores, literalmente, eles viviam mesmo é de aparências.

Ela reclamava de tudo e ele também, ele abre a bolsa, tira uma cartela de Somalium e toma dois comprimidos e diz: “Graças a ti estou tomando esta droga!”

Foi aí que eu mergulhei no mais profundo que eu poderia ir daquela relação, percebi que os dois estavam doentes e que um contaminava o outro constantemente, o prazer se transformou num desprazer absoluto, a felicidade deu lugar a infelicidade, o amor ao ódio, a alegria a tristeza, a paz a guerra e assim sucessivamente, tudo o que era já não é mais, restando assim apenas uma vida cheia de antônimos.

Eles foram discutindo a viagem toda, ela falava mal da mãe dele, desejando até a morte da sogra, dizendo que se ela não existisse tudo ficaria mais fácil e ele revidava dizendo que a mãe dela é que deveria morrer mas antes disso deveria sofrer uns 10 anos em cima de uma cama e que se isso acontecesse, ele teria o maior prazer de ir visita-lá só para lembrá-la de toda a maldade que lhe fez.

Depois disse que o filho não prestava e que havia puxado a mãe, foi uma viagem de 2 horas para não esquecer, onde não posso relatar tudo aqui, se não daria um jornal.

Mas o cume dessa história chegou quando ela disse: “Quem não presta és tu, que envenenou meu gato siamês e o meu cachorro labrador tudo por ciúmes.”

Ele disse: “Envenenei sim e ai de ti que ponha qualquer bicho dentro de casa que terá morte certa.”

Tinha ali dois doentes, dois idiotas.

Me benzi com a mão esquerda para não me contaminar e me pergunto: O porque de tanto sofrimento, não seria mais fácil se separar?

#VS

Velto Silva
Enviado por Velto Silva em 18/11/2018
Reeditado em 22/01/2019
Código do texto: T6505346
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