RAINHA DAS ROSAS
Há muita movimentação no interior do grande salão Sete de Dezembro onde acontece a escolha da Rainha das Rosas. O desfile antecede o baile, sempre realizado do mês de setembro e atrai multidões, cuja curiosidade é imensa para ver quem será a escolhida, que durante um ano carregará a coroa e a faixa de rainha.
As mesas, estão todas ocupadas por familiares e amigos, alguns com cartazes destacando o nome da candidata preferida.
Um tapete vermelho atravessa a pista por onde desfilarão as trinta candidatas. Todas mulheres com mais de sessenta anos; condição básica para inscrição no concurso.
Enfraquecem as luzes, uma musica suave ouve-se ao fundo, e a voz do apresentador anuncia o inicio do desfile.
Surge na passarela a primeira candidata: Elvira, setenta anos, um metro e sessenta, cabelos pretos, olhos verdes, gosta de gatos e ama comer lasanha.
Elvira, passos lentos de quem estreia em uma passarela, escondendo com o preto da cabeleira os fios que o tempo prateou. Os olhos verdes e cansados, talvez hoje brilhem com a emoção de uma primeira vez...
Elvira representa todas a sexagenárias e septuagenárias que hoje, saindo de suas rotina de mulheres idosas, expõem -se a uma nova realidade, encarando com ousadia os olhares e a opinião alheia.
A escolha final, a coroação, não tem o peso que o aumento da auto estima provoca em cada uma das candidatas. O momento de glamour, que inflou egos, permanecerá para sempre no coração de cada uma delas que com certeza, já há muito tempo merecem rosas pois sempre foram rainhas.