CAMAFEU

Quando li que o colega falou em camafeu, logo a imagem daquele brochinho redondo, antigo, que nunca usei, me veio à mente, ao mesmo tempo em que sensações gustativas me atacaram. Doces lembranças dos doces da minha infância. Quer dizer, dos doces das festinhas de aniversário que eu freqüentava quando criança. Sempre havia uma mesa coberta de variados e delicados docinhos de tamanho e cores diferentes. Cocadinhas, bom-bocados, cajuzinhos, olhos de sogra, mãe-benta, camafeus e outros que nem sei mais. Eu ficava tentada e logo pegava um. Ao mordê-lo, porém, não gostava e tentava me desfazer dele sem que percebessem. Se encontrasse um vaso de planta nas imediações, era ali mesmo que eu depositava os restos mortais amassados na forminha. Depois descobri um jeito mais fácil, levava para minha mãe que conversava com as amigas. Na verdade, eu só gostava mesmo é do camafeu, que naquele tempo era feito de nozes e açúcar, não havia a modalidade camafeu de chocolate ou camafeu de doce de leite. Com o advento do brigadeiro, esses doces tradicionais desapareceram dos aniversários. Só voltei a ver novamente meus queridos camafeus anos mais tarde, em festas de casamento e em vitrines de certas doceiras. Pena que agora não possa mais degustá-los. A idade avançou, tudo mudou. Para que meu organismo funcione direito, estou proibida de comer açúcar.