CALOR, SOL, MAR e...

Novembro. Primavera. Fim de tarde e eu aqui no quarto. Calor, muito calor. Confesso que minhas aulas de Geografia não deram conta de eu entender as diferenças entre tempo, temperatura, clima e sensação térmica. Eu acabo colocando tudo no mesmo saco e, o que de fato sei, é que sinto muito, muito calor.

Com certeza, em dias assim, o melhor mesmo é estar numa cachoeira e aproveitar toda aquela água para refrescar o corpo e a mente. Ou, ainda, num barzinho, na companhia de amigos, falando da vida, das pessoas, criticando os políticos. Reclamando da inflação, mas sem deixar de lado um bom copo de cerveja. Enfim, jogar conversa fora na tentativa de amenizar o calor. Penso que, lá no fundo, tudo é só mesmo um pretexto para “matar o tempo”. Por outro lado, o calor lembra também praia: calçadão, quiosques, areia e mar. Ah! O mar!

E já que pensei em mar, permita-me voltar no tempo. Só não me peça para precisar exatamente quando foi. Sei, com certeza, que era num período de férias escolares, mês de janeiro. Naquela época, éramos jovens, bem jovens… Sempre ávidos por um pouco de lazer e entretenimento. Foi quando eu, duas de minhas irmãs mais velhas e meu cunhado organizamos uma viagem para a praia. Reservamos uma dessas colônias de férias e partimos. Fomos de fuscão amarelo – meu primeiro carro – que eu havia comprado recentemente.

O que nós não consideramos nessa viagem é que era mês de janeiro e iríamos para Ubatuba, ou melhor Ubachuva, como se dizia naquela época. O fato é que pegamos chuva já na estrada e foi exatamente aí que começaram uma sucessão de fatos que, apesar de muito chatos, não conseguiram estragar em nada nosso passeio. Tivemos praia e chuva, muita chuva.

Ainda no caminho, não sabíamos precisar se chovia mais dentro ou fora do fuscão, pois, assim que o comprei tive de trocar o assoalho, mas o funileiro não era lá essas coisas e o resultado foi que passamos boa parte do caminho retirando água de dentro do carro e jogando pela janela. Apesar desse pequeno contratempo, conseguimos chegar. Sãos, salvos e ávidos por uma cerveja gelada.

A pousada até que era bem agradável e ficamos bem acomodados. Tiramos tudo do carro e nos instalamos todos no mesmo quarto. Já era noite quando chegamos e, assim que desfizemos as malas, fomos explorar o local e ver o que estava rolando por lá. Que decepção, a pousada ficava numa praia que não tinha movimento algum. Se quiséssemos alguma diversão, além da chuva, teríamos de sair dali. Foi o que nos informaram.

Só nos restou voltarmos à pousada e descansar, pois a viagem tinha sido cansativa, dadas as intempéries do percurso. Fomos os primeiros a jantar e isso se repetiu todos os dias – os primeiros a tomar o café da manhã e os primeiros para o jantar, sempre. Isso porque decidimos que ficaríamos as noites na pousada tentando aproveitar do espaço que oferecia um salão de jogos bem razoável.

Logo na primeira noite, lá pela madrugada começou novamente a chuva. Foi daí que percebemos que o nosso quarto era cheio de goteiras e uma delas pingava exatamente no colchão onde estavam uma de minhas irmãs e meu cunhado. Isso não nos abateu. No outro dia, solicitamos que trocassem o colchão, tão logo terminamos o café da manhã. Deixamos a pousada e fomos em busca de outras praias. Estávamos ali sem compromisso, de férias, querendo aproveitar ao máximo de todos os lugares e tudo mais que houvesse.

E assim correu... Cada dia íamos a uma praia diferente. Escolhíamos um quiosque e ficávamos ali bebendo, comendo, jogando conversa fora, fazendo novas amizades, inclusive com o dono do quiosque. Ao fim do dia, voltávamos à pousada e lá vinha mais chuva. O carro inundava e a minha irmã, a mais velha das duas, sempre lembrando “vamos controlar o dinheiro, senão vai acabar”. Oh Deus! Como foi divertido. Conseguimos, nessas andanças, chegar até Parati. Que fuscão valente!

Como tudo que é bom não dura para sempre, tivemos de voltar. Fizemos as malas e entramos no fuscão rumo a Sorocaba. Só que, quando estávamos entrando na Castelinho, o fuscão quebrou. Mas essa é outra história...

Peluro
Enviado por Peluro em 29/11/2018
Código do texto: T6514628
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