MUDAR

Se a gente não muda o trajeto para o trabalho, encontra as mesmas pessoas todos os dias. O rapaz que vai para o trabalho de bicicleta e está sempre na contramão. Aquele senhor que, logo pela manhã, já está correndo na pista que fica à margem da rua. Vê o mesmo ônibus parado, à espera de passageiros que irão para o trabalho. Aquela senhorinha que, todas as manhãs, vai buscar o pão na padaria. Enfim, tudo acontece do mesmo jeito se a gente não mudar de caminho, de rua, de calçada.

Assim também acontece com nossas vidas. Se ficarmos parados, a espera de que as coisas aconteçam, nada acontece. É preciso tomar decisões. Talvez seja preciso mudar. Buscar novos amigos, mudar de emprego. Às vezes, é bom trocar o carro ou mudar de endereço. Porém, o mais importante é a mudança interior. Ir lá no fundo e catar tudo que está ruim. É como entrar num porão e ir vasculhando os objetos para ver o que fica e o que vai embora.

Proceder assim vai exigir de nós um grande esforço. Vai exigir disponibilidade para, de fato, tirarmos de nós aquilo que já era sem tempo. Jogar tudo fará e abandonar os remendos. Será preciso suportar a dor de ter de fazer escolhas. Será preciso arriscar. Acreditar que, ao fim de tudo, só vai permanecer aquilo que nos é essencial. Ficaremos renovados e mais leves para novas oportunidades.

Isso feito, ficaremos mais disponíveis. Estaremos prontos para abrigar novas emoções, novos relacionamentos, novas pessoas. Agora, mais conscientes das escolhas que fizermos, teremos maior discernimento para, nesse processo, colhermos só frutos bons. Passar por esse processo de renovação nos fará mais fortes, mais resistentes as perdas e aos danos. Afinal, escolher pode representar libertar-se de amarras do passado; libertar-se das más escolhas.

Talvez surja um certo vazio. Estávamos tão carregados de tudo. Era tanto remendo que tudo pesava no ombro a ponto de nos impedir de continuarmos nossa trajetória. Valerá a dor da tentativa. A vida é assim: é preciso “pôr um passo adiante de outro passo e ir buscar as abelhas no seu favo; algum mel restará nas mãos mordidas.”

Peluro
Enviado por Peluro em 29/11/2018
Código do texto: T6514977
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